Para Mães e Pais rosely sayão

“Educar é pensar”, Rosely Sayão

5 de outubro de 2016

Rosely Sayão é, para mim, um dos maiores nomes quando o assunto é educação. Ela esteve em Curitiba, na sexta passada, em uma palestra promovida pela escola Tistu e eu tive o prazer de participar. Infelizmente, não vou conseguir transmitir todas as informações, mas vou relacionar nos tópicos abaixo alguns dos pensamentos que ela compartilhou conosco lá no evento:

Educar é pensar

Para Rosely Sayão, a principal função de um pai e uma mãe na busca pela educação dos seus filhos é pensar. Pensar e repensar o que têm feito, pensar e repensar em novas maneiras de fazer. “Faça assim ou faça assado, a gente vai errar. Então o melhor é errar com convicção de que estamos fazendo o que achamos melhor, o que condiz com nossos valores e com o que achamos correto – e não porque todo mundo faz.”

Segundo ela, objetivo da palestra era tirar o sono dos ouvintes. “Se eu conseguir que você perca cinco minutos de sono hoje pensando no que eu falei, já estou feliz.”

Como fazer meu filho de dois anos obedecer?

Ao ver a pergunta, Rosely brincou que esse era o resumo das dúvidas de todos os pais: como fazer o filho (de qualquer idade) obedecer? E para falar sobre isso, ela fez uma reflexão acerca da sociedade moderna:

“O mundo colocou uma meta para nós, adultos, que é de ser sempre jovens. E isso não é uma questão de idade, mas de estilo de vida. Quando a gente se torna pais, passamos a representar o passado, a tradição. Alguém depende de nós e precisamos pensar em outra pessoa antes de nós. Mas pessoas jovens não são assim.

Estamos construindo uma sociedade horizontal em que todos são jovens – nossos filhos nascem jovens e são “encaixados” em nossa vida, nossa rotina. Não há mais ninguém no começo da fila protegendo os mais novos que estão atrás.

Somos tão jovens que não temos coragem de dar ordens. Nós fazemos “combinados” e esperamos que a criança obedeça como se ela já tivesse idade suficiente para agir com maturidade. A criança não tem autorregulação, autocontrole.  Se você não quer que uma criança de dois anos suba em uma escada, por exemplo, você tem duas opções: tira a criança da escada ou tira a escada da criança. Simplesmente falar: “não suba” não vai ser educativo porque a criança se move por impulso, vontade e querer.

Se você quer que a criança pare de fazer algo, não simplesmente dê uma ordem: distraia a criança. Quando queremos espairecer, saímos para fazer outra coisa. Pegue a criança e leve para outro lugar.

E se ela espernear? Ok, ela vai espernear porque é uma criança. Criança não nasceu para ser obediente. Ela nasceu para explorar o mundo. E nós precisamos entender em que etapa do desenvolvimento elas estão e como lidar com isso.”

Sobre o “não” e os castigos

Rosely Sayão comentou que não gosta do termo “castigo” porque ele remete a sofrimento, punição. E educar não pode ser infligir sofrimento. Por isso, ela prefere a palavra “sanção”, lembrando que uma sanção tem que estar relacionada à atitude errada. A criança precisa entender que as atitudes dela têm consequências boas ou ruins para ela.

Para a especialista, a gente usa o “não” em demasia para coisas desnecessárias e “queimamos” a nossa autoridade. “Escolha suas batalhas, diga apenas ‘nãos’ realmente necessários, mas que serão efetivos e inegociáveis.”

Sobre a escola

Quando questionada acerca do envolvimento dos pais nas tarefas e vida escolar de seus filhos, Rosely tomou uma direção que eu não esperava, mas que fez muito sentido para mim: não se envolva sem necessidade real! “A lição de casa deve ser feita pelo aluno sozinho. Qualquer atividade que uma criança dependa de um adulto para realizar, não é boa para a criança. Inclusive a lição de casa. A escola é um ‘problema’ da criança e ela precisa aprender sozinha, sem a ajuda dos pais – esse é o desafio.”

“A escola precisa ser a primeira batalha que nossos filhos vão lidar sozinhos. Isso é preparar para a vida. A escola é uma maneira de as crianças aprenderem a andar com as próprias pernas, com seus próprios passos, resolvendo seus próprios problemas.” Rosely foi além e comentou que nós, pais, não nos conformamos com a ideia de a criança ter um espaço só dela, mas temos que respeitar a escola como algo dela – e só dela. “Não precisa ficar sabendo de tudo que seu filho faz lá.”

A dificuldade de ser pai e mãe segundo Rosely Sayão

Existe uma máxima que diz que “bons filhos são reflexo de bons pais”, mas Rosely diz que isso não é necessariamente verdadeiro. Segundo ela, há estudos e mais estudos tentando relacionar a virtude e o sucesso de pessoas adultas com base em sua infância, mas não há resultado conclusivo: há “boas pessoas” que vieram de lares bons, de lares desestruturados, de lares sem família; assim como há “pessoas ruins” que vieram de lares bons, lares desestruturados, de lares sem família.

“Tem uma hora na vida que toda pessoa faz suas próprias escolhas. A boa educação é a melhor herança que podemos dar aos nossos filhos, mas não é vacina nem atestado se você é bom pai ou boa mãe. Temos que decidir se queremos ser pais bússola ou GPS. O GPS dá ordens passo a passo de maneira que não é preciso aprender o caminho. A bússola aponta sempre para o norte. Você pode escolher por onde ir, mas se precisar saber onde está o norte, a bússola está apontando.”

Por fim, Rosely Sayão encerrou: “não caminhem com as massas, não faça algo porque todo mundo faz. Façam suas escolhas, olhem para seus filhos, ouçam minhas ideias, misture com as de vocês, descartem as que não se encaixam e busque o seu próprio caminho. Acima de tudo, escutem seus filhos: a educação precisa respeitar a dignidade da criança.”

rosely sayão

Tive que pedir uma foto

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Comentários

  1. Excelente! Não sei se concordo com a parte de que “escola é coisa da criança – e só dela”, mas adorei as reflexões. Obrigada por compartilhar!

  2. Juliana Busato Soares disse:

    Amei Melina!!! Também gostaria muito de estar nessa palestra. Dever ter sido incrível. Obrigada por compartilhar algumas idéias com a gente!!!

  3. Juliana Busato Soares disse:

    Amei Melina!!! Também gostaria muito de estar nessa palestra. Deve ter sido incrível. Obrigada por compartilhar algumas idéias com a gente!!!

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Quem sou

Sou Melina Pockrandt Robaina, filha de Deus, jornalista e mãe da Manuela (6 anos) e da Ana Júlia (1 ano)

Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.

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