No dia 10 de julho, véspera do Seminário de Mães, algumas blogueiras – entre elas, esta que vos escreve, rs – puderam participar de algumas entrevistas com as palestrantes. Uma delas foi a queridíssima Melinda Blau, coautora dos clássicos livros da série Encantadoras de Bebês (veja aqui).
Vou confessar que não li nenhum dos livros, mas sei que eles são conhecidos principalmente por suas técnicas para ajudarem os bebês a dormirem e se acalmarem sozinhos (entre muitos outros aspectos, estes são os que mais se destacam, por razões óbvias). Isso acabou os tornando polêmicos mais recentemente – para não dizer, vilões – entre aqueles que são a favor de técnicas diferentes de criação, entre elas a conhecida como “criação com apego”.
Como ela mesmo disse durante a entrevista, “ser mãe é a tarefa mais difícil do mundo” e “quando você finalmente acha que aprendeu, as coisas mudam novamente”. Por isso, é importante sempre ter a mente aberta para o que é diferente.
Melinda, em resposta à pergunta do blog, disse que não concorda com a criação com apego. “É claro que criar vínculos com o bebê é algo importante”, mas vê que alguns conceitos foram distorcidos e exagerado. Ela fala com muita delicadeza, pois notamos que não gosta de impor regras ou criticar a forma como as mães lidam com seus filhos.
Entretanto, é categórica ao afirmar que o treinamento de sono de um bebê – como colocá-lo ainda acordado no berço – nada tem a ver com abandono e, sim, com o entendimento que eles são capazes de aprender e é nossa função ensiná-los. “Rotinas não são agendas inflexíveis. Rotina é uma maneira de tornar a vida previsível e todos se beneficiam, inclusive o bebê. Ele acabou de chegar ao mundo e está aprendendo como essa vida funciona. A rotina dá os sinais para ajudá-lo a entender que é a hora de comer, de dormir etc”, observa.
“Temos que criar nossos filhos de maneira que eles se entretenham sozinhos e estejam bem com eles mesmos. Isso resulta em adultos mais seguros e felizes, como mostram diversos estudos”, afirma. Segundo ela, muitas das nossas resistências vêm da dificuldade dos próprios pais em aceitar que o bebê é um ser separado de si (que é para o mundo).
Mas, se você não concorda com o método proposto pela autora, ela alerta que o mais importante acima de tudo é “fazer aquilo com o que você está confortável”.
Melinda também falou sobre como as crianças são diferentes entre si: “cada bebê é único. Nunca haverá um ser humano igual ao outro”. Por isso, ela afirma que precisamos ser mais objetivos. “Devemos ver o nosso bebê como ele realmente é e não como nós gostaríamos que ele fosse”, ressalta. Quando identificarmos as características de nosso filho, saberemos como devemos lidar, entendendo o que pode dar certo e o que dificilmente funcionará.
Acima de tudo, ela salienta: “não leve para o lado pessoal. O fato de seu bebê estar chorando não significa que você está fazendo algo de errado”. Melinda lembrou que os bebês choram porque são bebês e não sabem falar o que precisam. Mas o choro não significa “estou bravo com você, mamãe”, “eu te odeio”, “você é má”, “eu acho que você me odeia”. Então, não leve para o lado pessoal!
Melinda ainda respondeu a outras perguntas de assuntos diversos. Duas respostas, em especial, achei que valem a pena serem citadas:
Sobre a criança como centro da família: “Uma coisa que imploro às mães é para que não sejam completamente centradas na criança. Com mais filhos, isso fica mais fácil, pois a mãe precisa dividir a atenção entre as crianças e consegue mudar o foco.”
Sobre demonstrar emoções em frente ao filho: “É muito importante ensinar os filhos a nos verem como seres humanos. A tristeza faz parte das emoções e as crianças precisam entender que todas as emoções são válidas e fazem parte da vida de todos. A única emoção com a qual você deve ser preocupar é a raiva. Porque você deve controlar a ira e a gritaria. Tudo bem você falar que está zangado, mas não pode demonstrar por meio da gritaria. Vá passear, fazer algo sozinha, ligar para uma amiga até isso passar. Este sentimento – quando extravasado de maneira negativa – tornam o ambiente tóxico, polui a casa e a você mesmo.”
Este é o primeiro post da série de textos sobre o Seminário de Mães. Melinda Blau também deu uma palestra muito instrutiva sobre “Construção e gerenciamento da família”, que será tema de outro post.
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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