A maternidade é como uma corrida. Não uma competição, mas aquele treino puxado em que a gente cansa, cansa, mas tem muito prazer em fazer.
Há 15 dias eu voltei a correr, depois de dois anos parada, e tem sido difícil voltar ao ritmo. A maior parte do tempo eu preciso treinar na esteira pela dificuldade de sair de casa com duas filhas pequenas e um marido que viaja muito. Mas, hoje, consegui correr na rua.
E enquanto corria, acabei divagando.
A maternidade na teoria, nos cursos, nos livros é como uma corrida de esteira. Cansa? É claro que cansa (alguém algum dia achou que ser mãe era uma coisa super fácil?). Mas acontece em um ambiente controlado: temperatura, velocidade, inclinação. Dá até mesmo para correr assistindo a seu programa de TV favorito.
A maternidade de esteira é assim. Nos livros, nos programas, nos cursos, tudo é controlado. Há métodos infalíveis para o bebê dormir a noite toda, há regras de amamentação que funcionam com todos os recém-nascidos, há trabalhos de parto que evoluem perfeitamente sem precisar de uma episiotomia (muito menos de uma cesárea). há filhos que comem tudo que é colocado no prato. É cansativo, é trabalhoso, mas tudo se mantém constante e seguro.
Mas a maternidade da vida real não tem nada de controlado.
A maternidade mesmo é uma corrida de rua. Daquelas bem intensas. Tem fases que é um treino off road, com trilha no meio da mata, lama e troncos no chão.
O caminho da maternidade real não é regular. Numa hora você está descendo rápido, em outra está sofrendo para subir uma ladeira e pensando “eu não vou conseguir”, “eu vou parar”, “não vou atingir minha meta”.
Mas você continua. Pode ser que diminua o ritmo, quem sabe até mesmo ande, mas continua. Afinal, você não pode parar. Você vai ficar no meio da rua e ligar para alguém vir te buscar? Não! Você vai continuar até o final.
A boa notícia é que você chega no topo da ladeira ou vira a esquina e vê um oásis de terreno plano ou mesmo uma descida. Poucos metros bastam para você tomar um novo fôlego e encarar o restante do treino que antes você achava impossível de completar.
Como a corrida de rua, a maternidade real não sabe se vai conseguir cumprir a distância no tempo previsto. A gente tenta, mas mesmo que não siga à risca o planejado, não desiste até chegar ao final.
A maternidade real não é glamourosa, como quem treina na academia com a última moda fitness. A maternidade real despenteia, derrete a maquiagem, sua a camisa.
Para correr a trilha da maternidade é preciso descer do salto, aguentar algumas bolhas, enfrentar a jornada solitária. Apoio é bem vindo, mas quem te faz chegar ao final são apenas a suas próprias pernas.
Na maternidade real, o começo é o mais difícil (assim como o primeiro km para quem treina na rua). Depois, quando o filho está com uns três, quatro anos, olhamos para trás e pensamos: “caraca, como o primeiro ano do bebê exige da gente!”.
Mas a verdade não é que ficou mais fácil. Assim, como na corrida, cada ladeira – aquelas que você pensava que não ia conseguir terminar de subir – só serviu para você ficar mais resistente e, assim, subir ladeiras ainda mais difíceis sem mesmo perceber. Na maternidade real, as coisas não ficam mais fáceis. Somos nós, mães, que ficamos mais fortes!
Boa corrida!
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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