Existe um ditado popular que diz que “se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia”. Não concordo muito com ele, pois acho que aprendemos muitas coisas com as experiências alheias.
Mas quando nos tornamos mães, ainda grávidas, a ideia de “conselho” toma um dimensão muito diferente. De repente, você se vê recebendo dicas – e muitos, muitos palpites – de mãe, sogra, amigas (inclusive, as que não têm filhos), tias, vizinho, carteiro, porteiro, entregador de pizza e qualquer outra pessoa com quem você cruzar na rua. Todo mundo se acha no direito de opinar sobre o tipo de parto ideal, sobre o enxoval do bebê, sobre a quantidade de roupa que seu filho está usando, sobre o lanche que ele está comendo e qualquer outro assunto que – na verdade – não diz respeito a ninguém mais além de nós mesmas.
E eu até entendo que muitas vezes (não todas) estas pessoas realmente se importam e querem ajudar – de verdade! Mas esta quantidade imensa de conselhos, dicas e palpites nos sufocam, nos confundem, quase enlouquecem. Isso porque muitos deles contradizem o que aprendemos com nossas leituras e consultas médicas, mas, principalmente, não se aplicam na relação única que tenho com meu filho, dentro da minha casa, na minha maneira de ser mãe.
Sempre conto que quando a Manuela, minha filha mais velha, nasceu, minha mãe insistia para que eu a enchesse de roupa. Do ponto de vista dela, a menina sempre estava com frio. Eu tinha 23 anos, mãe de primeira viagem, e tinha certeza que a avó sabia o que estava falando – ainda que, no fundinho, eu pensasse: “será que precisa ser assim mesmo?”
Na consulta de 30 dias, em pleno mês de janeiro, auge do verão brasileiro, fomos ao pediatra (minha mãe sempre ia junto). Estávamos de shorts e regata e a bebê vestia um conjuntinho de malha (calça e manga comprida) e, por cima, um macacão também de manga longa, além da manta que a enrolava. O médico olhou e perguntou: “por que a criança está com tanta roupa?”
Ele explicou que o bebê sente calor como nós, que não é necessário usar tanta roupa, que isto poderia trazer alergias pelo suor excessivo, entre outros prejuízos. Então, neste dia, meus olhos se abriram para entender qual seria um dos primeiros desafios da maternidade: aprender a dizer NÃO! Mesmo que seja para alguém que amamos muito, como minha mãe.
Não estou dizendo para você sair distribuindo “nãos” por aí, nem mesmo para ignorar o que que as pessoas te falam. Acho, sim, que devemos ouvir e avaliar os conselhos. Mas a decisão final é sua. Você pode procurar ajuda com os avós, o pediatra, as amigas que também são mães, em livros e artigos. Você pode usar opiniões externas para construir suas próprias ideias e o seu jeito de ser mãe. Mas, volto a repetir, a decisão é SUA!
Agora, na minha segunda filha, eu já consegui superar a autocobrança constante e irracional – que geralmente acompanha a maternidade –, entendi que estou buscando o que é o melhor para minhas filhas e isso já me faz uma ótima mãe.
Ainda peço ajuda? Sim. Mas aprendi que a velha “cara de planta” é uma ótima ferramenta na hora de receber conselhos e palpites. Isso porque entendi que eu sou capaz de ser uma boa mãe. Talvez não nos padrões das revistas, filmes ou do comercial de fraldas. Mas a boa mãe que minha família precisa.
– Se você achar que um conselho é interessante, use-o! Sem culpa ou peso na consciência.
– Se achar que não vale a pena, agradeça e ignore! Sem culpa ou peso na consciência.
Deixe que a sua consciência te ajude a tomar as decisões. Se você errar, tente vencer o “gene de culpa” e relaxe, afinal, você é humana também. E lembre que estamos evoluindo a cada dia: sou hoje uma mãe melhor que ontem e não tão boa quanto serei amanhã.
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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