Este é um texto de autoria do ginecologista e obstetra Bruno Jacob. Pedi para ele falar sobre diferença entre parto normal e cesárea. Você também pode acompanhar outras informações muito bacanas que ele publica no Instagram e no Facebook.
Você está gestante e é claro que tudo o que você mais tem na cabeça é: O DIA DO PARTO! Como vai ser? Vai doer? Vai ser difícil? Normal ou cesárea? Aí você esbarra nesse dilema, qual tipo de parto eu vou querer? Hoje eu, Dr. Bruno Jacob, vou falar sobre as indicações e diferença entre parto normal e cesárea.
Em 2011 a OMS realizou um levantamento sobre o índice de parto cesárea no mundo e anunciou uma “epidemia da cesárea”. A Europa subiu seu número de partos por via alta de 15 para 22% e os Estados Unidos apresentaram uma taxa de 32,8%. E nós, os brasileiros? Pasmem: 53,7%! Exatamente, os partos normais representam menos da metade de todos os nascimentos no Brasil. As entidades governamentais tem tentado reduzir esses números, porém a tarefa não é fácil. Acredita-se que no Brasil exista a “cultura da cesárea” e que ela já esteja disseminada.
Assim, a Organização Mundial da Saúde preconiza que os partos cesárea correspondam de 10 a 15% dos nascimentos, ou seja, um número bem inferior do que tem sido mostrado. E por que a OMS se preocupa tanto em diminuir os números de cesariana? Veja os benefícios do parto normal para as mamães e para os bebês:
Sangramento. Enquanto no parto normal a paciente apresenta uma perda sanguínea de 500ml; na cesárea, esse valor sobe para 1,5 litro em média.
Infecção. Cesárea é um procedimento cirúrgico e, quando comparado com o parto normal, os riscos de infecção aumentam em 10x.
Recuperação. Mamães que já tiveram os dois tipos de parto sabem a diferença que é no dia seguinte em relação a dor, disposição e até função do intestino.
Placenta. Estudos mostram que o aumento do número de cesáreas aumenta consequentemente o número de placenta prévia e acretismo placentário em gestações futuras.
Aleitamento. Ao entrar em trabalho de parto a mamãe produz hormônios que ajudam na produção e descida do leite.
Preparo para o nascimento. É comprovado que durante o trabalho de parto são produzidas substâncias no organismo do bebê que o preparam para o ambiente fora do útero.
Respiração. Ao sair pelo (apertado) canal vaginal, essa compressão do tórax ajuda o recém nascido a eliminar líquido amniótico das vias respiratórias. O mesmo não ocorre na cesariana.
Contato pele-a-pele. Após parto normal é possível colocar o recém-nascido junto ao corpo da mamãe logo nos primeiros segundos de vida. Isso aumenta a produção do hormônio do amor (ocitocina) tanto na mãe como no filho.
Aleitamento em sala. A OMS orienta os obstetras e neonatologistas a praticar o aleitamento materno em sala logo após o nascimento, isso é possível no parto normal.
São inúmeras as vantagens do parto normal e tudo isso diminui o período de internação da paciente, as internações dos recém-nascidos em UTI e até complicações em gestações futuras.
Se você é favor do parto vaginal ou não, o importante é saber que a cesárea possui indicações absolutas, ou seja, todas as condições nas quais o bebê não nasce pela via baixa.
Placenta prévia total. Às vezes, a placenta está inserida tão baixa que ela pode obstruir a passagem do nenê para o canal de parto.
Apresentação córmica. o nenê consegue nascer tanto de cabeça para baixo quanto sentado, mas em algumas situações ele está transverso e não consegue sair pela via normal.
Herpes genital. Apenas para os casos com lesão ativa. Além das indicações absolutas existem as indicações RELATIVAS, ou seja, o nenê consegue nascer por baixo, mas a cesárea acaba por ser o procedimento com menos riscos.
Iteratividade. Para mulheres que já tiveram dois partos cesárea não é ideal que entrem em trabalho de parto, pois há risco de rotura do útero com as contrações.
Descolamento de placenta e eclâmpsia. São condições que necessitam de uma interrupção imediata da gestação. Deve ser feita pela via mais rápida, que geralmente é a via alta.
Prolapso de cordão. Quando o cordão umbilical sai pelo colo uterino e a cabeça do nenê pode comprimir o cordão interrompendo o fluxo de sangue.
Gemelar. Quando o primeiro bebê está sentado e o segundo de cabeça pra baixo, há riscos de prender a cabeça um no outro
Desproporção céfalo-pélvica. Mulheres com bacias estreitas podem ficar horas em trabalho de parto e não apresentar nenhuma evolução.
Macrossomia fetal. Nenês maiores de 4 kg podem ter dificuldade na hora de passar pelo canal vaginal.
Sofrimento fetal. Durante o trabalho de parto o nenê pode apresentar alguns sinais, que indicam que ele esteja sofrendo. Isso requer uma interrupção imediata da gestação.
“Certo, entendi que o parto normal é melhor para mim, para o meu bebê e evita algumas complicações, mas ele tem alguma desvantagem?”
É difícil falar em desvantagens quando o assunto é parto normal, mas elas existem sim! Portanto, vamos ver quais são?
Incontinência urinária. Mulheres que passam por muitos procedimentos de parto normal ou que dão a luz a nenês muito grandes, podem posteriormente apresentar perda de xixi, quando espirram e tossem, por exemplo, por conta de enfraquecimento da musculatura pélvica
Prolapsos. Os músculos da pelve são responsáveis por manter a estabilidades dos órgãos dessa região (como a bexiga e o útero). Assim, um enfraquecimento desses músculos pode significar uma “bexiga caída” no futuro.
Distócia de ombro. É uma das maiores preocupações dos obstetras. Se um nenê muito grande tenta passar por um canal de parto muito apertado, os ombros podem ficar presos.
Possíveis lesões do períneo. No momento do parto os músculos do períneo podem não suportar a distensão.
Exaustão materna. Ficar em trabalho de parto cansa. Às vezes a paciente pode ficar mais de 24 horas com contrações e fazendo força. Isso pode desgastar a mãe s atrapalhar o período expulsivo (que é quando a mãe mais precisa empurrar o nenê para fora).
Afinal, qual conclusão podemos chegar com tudo isso?
Mas, não! Ele não é isento de complicações.
Sim, existem situações nas quais a cesária é a melhor opção.
Por isso, uma boa assistência (tanto no pré-natal quanto durante o parto) é necessária.
Então, converse com seu médico, tire suas dúvidas e nunca (nunca!) seja submetida a um procedimento sem saber seus riscos e benefícios.
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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