Quando se fala em aleitamento materno, na teoria todo mundo é a favor. Mas o pediatra e homeopata Moises Chencinski coletou alguns depoimentos que mostram que na prática tudo é diferente:
“Seu bebê precisa parar de mamar para você ter mais liberdade!”
“Ela te sugou inteira, por isso que você está tão magrinha assim e com cara de anêmica”.
“Para vocês terem uma ideia, quando meu filho nasceu logo veio o colostro e minha sogra falava para eu tirar e jogar fora porque era muito grosso e dizia ser o ‘leite ruim’… Eu sofri muito e acabei cedendo algumas vezes por falta de informação… Ela falava que eu tinha que tirar ‘o leite ruim’ para vir o leite branco que era ‘o bom’… Não me perdoo até hoje por isso”.
“Quiseram oferecer fórmula pro meu filho ainda na maternidade, pois eu tinha mamilos invertidos e ele ainda não tinha mamado, bati o pé e tirei o colostro numa seringa e dei pra ele beber de copinho”.
“Minha dermatologista e meu oftalmologista me perguntaram o porquê de continuar amamentando, que devia ser por chamego meu, porque o leite já não servia, ela tinha 10 meses. E falaram ainda que ‘acham horrível criança andando e mamando’”.
“Ao ler as declarações das mães – todas reais, retiradas de grupos virtuais de mães dos quais participo ativamente – nos deparamos com o que eu chamo de ‘Amamentação: a vida como ela é’… Talvez, pela falta de apoio, de informação, de compreensão e até mesmo de carinho, o Brasil tenha estatísticas tão pouco animadoras em relação ao aleitamento materno”, afirma o médico.
– Taxa de aleitamento na sala de parto: 65%;
– Média de aleitamento materno exclusivo no Brasil é de 51 dias;
– Apenas 41% das crianças estão em aleitamento materno exclusivo aos 6 meses;
– Média de duração de aleitamento materno no Brasil é de 11 meses e 20 dias.
Para o médico, os dados mostram que estamos envoltos em um universo de dúvidas e preconceitos, que afastam a realidade de todas as recomendações das entidades como Organização Mundial de Saúde, a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Ministério da Saúde, o UNICEF e a Academia Americana de Pediatria. Essas e muitas outra organizações são enfáticas: o aleitamento materno deve ser desde a sala de parto (na primeira hora de vida), exclusivo e em livre-demanda até o 6° mês e estendido até os 02 anos ou mais.
Para tentar mudar este cenário, Chencinski decidiu criar o movimento #euapoioleitematerno. “Este será o primeiro de muitos anos em que vou falar diariamente a respeito de aleitamento materno. Esse é um compromisso público”, diz o médico, que também é autor do blog #euapoioleitematerno.
Segundo Chencinski, “a ideia é a criação de um movimento em prol do aleitamento materno que congregue mães (adotivas, naturais, de coração), jornalistas, governantes (municipais, estaduais e federais), blogueiras, formadores de opinião, famílias (de todos os tipos), empresários que empregam mulheres, mães trabalhadoras, profissionais de saúde, em última instância, toda a sociedade”, conta.
O movimento irá tocar em todos os assuntos relativos ao aleitamento materno, ouvirá as ideias, unirá esforços, cutucará feridas. Todos juntos. Nem um dia sequer se passará sem uma palavra sobre aleitamento materno e os conteúdos serão divulgados em canais online: o blog #euapoioleitematerno, a fanpage, o instagram, o Twitter e um canal de vídeos no You Tube.
Dentre os temas que serão abordados pelo Movimento #euapoioleitematerno, destacam-se:
1. Orientação sobre aleitamento desde o pré-natal;
2. Por que o Brasil tem tão poucos hospitais amigos da criança?;
3. Menos mamadeiras e fórmulas infantis nas maternidades;
4. Importância do aleitamento na sala de parto, na primeira hora de vida;
5. Pediatras e outros profissionais de saúde precisam aprender mais sobre a importância do aleitamento materno;
6. Amamentação em público: mães amamentando quando e onde quiserem, sem serem julgadas ou até humilhadas por conta disso;
7. Licença-maternidade real de 6 meses;
8. Licença-paternidade menos indigna (atuais 5 dias);
9. Por que temos tão poucas salas de amamentação nas empresas para retirada e estocagem adequadas de leite materno?;
10. Por que a brasileira não doa leite materno? Não há estímulo ou ela não sabe como doar?;
11. Como funcionam os bancos de leite?;
12. Quais os medicamentos e substâncias que as mães não devem usar enquanto estiverem amamentando?;
13. Quando realmente é impossível para uma mulher amamentar?.
O médico destaca que seu maior objetivo é estimular, sensibilizar, de forma positiva e sem agressões, sem ameaças, sem discriminações o aleitamento materno. “Ninguém é menos mãe ou mais mãe por amamentar ou por não amamentar. Quem não amamentou ou não amamenta hoje pode, em uma próxima gestação, vir a amamentar. E mesmo que não haja uma próxima oportunidade, qualquer mãe, qualquer mulher, qualquer pessoa (inclusive homens) pode ser um multiplicador das nossas informações”, defende Moises Chencinski.
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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