Este é um texto de autoria do ginecologista e obstetra Bruno Jacob. Pedi para ele falar sobre o que é episiotomia, o temido corte que algumas mulheres precisam durante o parto normal. Você também pode acompanhar outras informações muito bacanas que ele publica no Instagram e no Facebook.
Há quem faça, há quem não pode nem ouvir falar! Há quem defenda, há quem abomine! Mulheres que já passaram por isso e mulheres que nem sabem o que é! Um dos temas mais controversos quando o assunto é parto normal. Motivo de discussões intermináveis. Afinal, a episiotomia é realmente contra-indicada? Ela faz tão mal para a parturiente?
Episiotomia-médio-lateral-direita, consiste em um pequeno corte do lado direito da vulva da paciente.
A técnica é dessa maneira pois a região onde é feita a incisão possui apenas estruturas musculares, que são facilmente costuradas e retornam a sua função e anatomia original rapidamente, sem quaisquer danos à mulher (claro, se for corretamente realizada)
Verdade. No pós-parto dói menos do que uma cesárea e dói mais do que o parto normal sem episio.
Mito. Se a sutura for realizada de maneira correta, os músculos são aproximados, de maneira que a vagina continue justa.
Depende. Se quem fizer a sutura for experiente o corte será pequeno e a cicatriz bem discreta.
Sim. Por ser uma região contaminada o seu médico te dará orientações sobre higiene e cuidados básicos.
Infelizmente, sim. A OMS orienta que o ideal é uma taxa de 30% de episiotomia para todos os partos via vaginal. Apenas países como a Suécia e Israel estão dentro dessa faixa. Isso significa que ainda tem muitas incisões feitas sem indicações.
Sim! A mulher pode manifestar o desejo de não ser realizada a episiotomia! O médico deve respeitar, porém a indicação médica está acima disso! Se o risco de uma laceração grave for iminente, o médico pode fazer o procedimento! Mas a sua vontade SEMPRE deve ser manifestada ao seu médico.
Bebês muito grandes, mulheres que nunca tiveram parto normal, pacientes muito novas, entre outros, são candidatas a episiotomia, mas a bacia e o períneo só são avaliados no momento do parto, mais precisamente na hora do período expulsivo, bem como o tamanho do neném.
As principais indicações são basicamente risco de lacerações graves – como esfíncter, reto e clítoris – e risco de sofrimento fetal, por conta do bebê permanecer muito tempo com a cabeça no canal de parto.
Em alguns casos a cabeça do nenê pode causar lacerações, que variam desde mínimas até graves, algumas não precisam nem ser costuradas, já outras podem atingir locais como esfíncter, reto, uretra, clítoris e trazer sérias complicações para as pacientes (e isso pode ser evitado com a episiotomia).
As chances de ocorrer laceração no parto normal variam e dependem de alguns fatores como tamanho do nenem, se a mulher ja teve parto normal ou não e até da elasticidade do períneo de cada paciente.
Como médico, tive a oportunidade de trabalhar com os melhores enfermeiros obstetras, e aprendi muito com eles sobre parto parto normal e parto humanizado. Porém, até mesmo os enfermeiros mais experientes reconhecem a importância da episiotomia para alguns partos.
Não! Tudo depende. Algumas lacerações são tão pequenas que nem são necessários pontos para costurar, em outros casos, lacerações graves podem causar dor intensa e até incontinência fecal. O mesmo ocorre para a episiotomia. O ideal é as incisões serem de menor tamanho possível, uma vez que grandes incisões demandam maior número de pontos e isso cursa com mais dor no pós-parto.
Tudo na medicina possui indicação e técnica correta. Nada deve ser feito sem uma boa avaliação. Converse com amigas que tiveram episiotomia, converse com médicos e enfermeiros. Tenha uma gravidez e parto mais saudável possível.
Foto: Designed by Freepik
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
Saiba mais