A gente erra! Isso é fato. Se você ainda não é pai ou mãe, eu já te aviso: você vai errar com seu filho. Não é por mal, não é por falta de preparo, é porque somos humanos. E os erros são inevitáveis.
Mas, a despeito desses inúmeros erros que cometemos, tem um especificamente que eu considero ser a pior injustiça que fazemos com nossos filhos: ser incoerente e imprevisível.
Quando a criança faz algo errado e nós brigamos com ela, mas ela nunca tinha sido avisada, é sacanagem, eu acho que é um erro. Ela ainda não sabia que aquilo deveria ser evitado. Mas, ao mesmo tempo, é um “erro justo”. Foi algo que não deveria ter sido feito e a criança já sabe que coisas erradas têm determinada reação dos pais.
O que é muito pior do que isso e que é essa grande injustiça é não ter coerência nas reações. É um dia dar um castigo simples, uma explicação sobre o erro sem muito sermão, por certa atitude do filho e, no outro dia, explodir, surtar e fazer AQUELE discurso por uma coisa bem menor – ou até mesmo pela mesma atitude.
Um dia a criança risca a parede de casa (depois de já ter sido avisada) e você fala que ficou bravo, proíbe ela de usar giz de cera por uma semana e faz que ela limpe a sujeira. No outro dia, deixa um peça de brinquedo cair para fora da caixa, você pisa em cima, faz um escândalo, grita, joga o brinquedo fora e manda ela ir para o quarto sem jantar.
A verdade é que, muito provavelmente, a nossa correção na primeira situação tenho sido a mais adequada e agimos daquela maneira porque estávamos equilibrados e, talvez, tendo um “bom dia”. Já, no segundo caso, existe uma grande chance de termos nos excedido porque estávamos cansados, estressados, tivemos problema com um cliente, pegamos trânsito na volta para casa, é fim do mês e o dinheiro já acabou, etc e etc.
Para mim, essa incoerência nossa (sim, eu me incluo nessa) é a maior injustiça que podemos fazer com nossos filhos. Isso causa neles INSEGURANÇA por nunca saberem como seus pais vão reagir. Para os maiores, que já têm certa compreensão, faz com que eles estejam sempre andando em ovos. E uma das consequência diretas é a mentira ou ocultamento dos erros. “Será que devo contar algo que eu fiz de errado? Outro dia, minha mãe disse ‘tudo bem’, mas certa vez meu pai surtou com uma coisa bem menor.”
E não é só na questão do castigo e punição por coisas erradas. É também no dia a dia com as pequenas tarefas. Um dia sua filha pede para você ler antes de dormir e você passa meia hora contando histórias e cantando no quarto. No dia seguinte, manda ela ir para cama e diz que depois vai passar dar um beijo de boa noite. Em um dia, a hora da lição é tranquila, com sua companhia ao lado. No outro, é “faz aí que eu tô com pressa e depois você corrige com a prof”.
E mais uma vez, na maioria esmagadora dos casos, essa inconstância é por causa dos nossos problemas, nossa rotina, nossas dificuldades, nosso desequilíbrio. Quem me acompanha sabe que eu não sou nem um pouco a favor de passar a mão na cabeça da criança quando ela faz coisas erradas, não acho que devemos esconder sentimentos pessoais dos nossos filhos nem mentir sobre a realidade que vivemos. Somos uma família e compartilhamos as nossas vidas.
MAS ninguém – ninguém, nem marido e esposa, nem chefe, nem colega de trabalho, nem o filho – deve pagar o pato pelo seu estresse e sua irritação. A diferença é que seu cônjuge é maduro, te ama e te conhece para aprender a lidar com sua reação e te ajudar; o seu colega de trabalho ou chefe pode revidar a grosseria na mesma moeda; mas seu filho é uma criança. Ele não tem maturidade nem obrigação de ter que lidar com o seu descontrole emocional. Principalmente, quando ele está agindo de acordo com aquilo que ele aprendeu e conhece de você.
As crianças começam desde de cedo a testar e a conhecer os limites dos pais. Ana Júlia, com dois anos, conhece qual é o meu tom de voz que ela DEVE obedecer imediatamente. Mas, da última vez, que ela se “enrolou” para cumprir uma ordem como sempre faz e eu, cansada e estressada, em vez de usar esse tom, dei um grito descontrolado, a reação foi choque e choro. As crianças não têm a obrigação de obedecer às suas emoções e, sim, às suas ordens coerentes.
Não sejamos injustos colocando nossos filhos em uma situação em que são reféns de como foi o nosso dia. Se eles viverem com medo das nossas reações por sermos imprevisíveis, eles irão preferir a indiferença silenciosa do que o diálogo franco.
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
Saiba mais
Melina,
A maior injustiça é quando um pai ou uma mãe:
1-Ignora o erro de um filho mas não o de outro;
2-Pune um filho quando este revida um ataque, provocação, desrespeito, molecagem, maldade, deboche de outro;
3-Pune um filho na mesma situação acima, mesmo que ele nem revide;
4-Reprime com estremo rigor um ato X de um filho mas quando o outro filho faz o mesmo ato X, até mesmo na frente dela segundos depois, ela trata como coisa da idade (mesmo que tenham só 1 ano de diferença), ou deixa passar;
5-Permite que um filho mude de curso quantas vezes desejar mas faz um inferno na cabeça do outro e quando esse faz um curso pra agradá-la ela diz que não pediu nada à ninguém;
6-Deixar de perguntar quem fez algo de errado antes de punir e ensinar assim senso de justiça, responsabilidade e honestidade;
7-Cobra de um filho que este ajude a lavar os pratos, varrer a casa, capinar o mato do quintal, lavar o carro, limpar o quarto e este filho o faz, enquanto o outro se faz de retardado e ela deixa passar e e reclama do protesto do filho injustiçado;
8-Fala que o filho que cuida dela é egoísta, frio e calculista, mas o que vai em festas escondido em outra cidade, namora meninas de comportamento reprovável, bebe até cair, etc., é o filho querido;
9-Fala que o filho sério é antipático, mas o filho que usa de simpatia para ser falso e enganar os amigos é o modelo a ser seguido. Esse mesmo filho querido é o que põe apelidos depreciativos na própria mãe e deixa a esposa tratar a própria mãe como uma megera, mas por mais que a mãe faça de tudo pra agradar a nora;
10-Permite que independente da idade o filho querido arrote, espirre sem por a mão na boca, peide e fale palavrão durante a refeição, mas reprime até o outro filho que não faz nada disso;
11-E com tudo isso diz que o filho correto não é querido pois não sabe cativar.