Para Mães e Pais

Dois anos e já desafiando os pais?

6 de outubro de 2016

Postei ontem nas redes sociais uma foto da Ana Júlia chorando ao pé da escada porque não quis subir de mãos dadas. Ela queria colo, mas eu não podia pegá-la pois estava carregando muitas coisas. Encerrei o post dizendo “como é difícil essa vida de uma criança de dois anos com sono”. Muitas pessoas se identificaram e muitas comentaram algo sobre o filho “desafiar” os pais e outras tantas comentaram sobre a fase chamada “terrible two” – ou, os terríveis dois anos.

https://www.instagram.com/p/BLKk_1ZgZ1R/?taken-by=maternidadesimples

E daí eu comecei a pensar como existe ainda muito arraigada a ideia de que a criança faz birra para nos desafiar. Ou diz não, bate o pé ou joga as coisas com esse intuito. Mas será que é verdade?

Como eu sempre falo, não sou especialista em educação. Eu sou apenas uma mãe que está em evolução buscando sempre melhorar. Como eu sei que você é um pai ou uma mãe que também está tentando melhorar, queria fazer uma reflexão junto com você.

Crianças de dois anos estão aprendendo que têm vontades independentes das dos pais, que são pessoas, que têm vontades, que querem explorar.

Ou seja, as crianças elas querem experimentar o mundo, as coisas, elas nasceram para explorar, elas aprendem na experimentação. Você vai querer que uma criança de dois anos não faça algo que parece super sensacional só porque você disse não? Sinto muito, mas é muito difícil. Isso porque a criança só começa a desenvolver uma capacidade de autorregulação (controle das suas ações) por volta dos seis anos – e ainda de maneira limitada. Ou seja, não quer que a criança faça algo, ofereça outra coisa mais interessante para ela fazer.

dois anos

É claaaaaaro que a gente pode e deve explicar o motivo do “não pode”, mas não entre numa queda de braço esperando que a criança fique olhando para o bolo sem encostar o dedo. Dê outra coisa para ela fazer, se distrair e esquecer o bolo.

Sentimentos são difíceis de entender

Se a gente, que é adulto (e teoricamente maduro) tem dificuldade para entender alguns sentimentos, imagina uma criança. Às vezes, estamos tristes, ansiosos, com medo e sequer sabemos o motivo. Com as crianças isso também acontece, mas é muito mais sério porque elas não têm a menor ideia do que são esses sentimentos. É algo novo, assustador e, pior, que foge ao controle. Seja mais compreensivo.

Ninguém sabe lidar muito bem com a frustração

Programe uma viagem super bacana de férias por um ano, chegue na véspera e descubra que você não vai poder ir porque aconteceu algum imprevisto com seu passaporte. Calcule o tamanho da frustração de perder a viagem dos sonhos e a grana que você pagou por ela. Agora pense que cada “não” que você fala para seu filho de dois anos acarreta esse mesmo nível de frustração.

No exemplo acima, dependendo da sua maturidade, você pode xingar, gritar, rasgar as roupas, chorar quietinho, ficar emburrado por uma semana… Mas você, dificilmente (para não dizer nunca porque pode ser que haja uma Madre Teresa de Calcutá lendo esse texto), vai dizer “isso acontece”, desfazer as malas com um sorriso no rosto e continuar a vida como se nada tivesse acontecido.

Entenda que frustrações são difíceis para os adultos; ainda mais para uma criança.

Enfim, se a gente pensar racionalmente nisso tudo, a gente consegue concluir que uma criança de dois anos não tem nem motivo para nos desafiar. Ela está tentando entender quais são seus limites, até onde ele pode explorar, o que lhe é permitido. Quando chega a um limite, ainda que seja para seu bem, ela ainda não consegue lidar com a tristeza e a frustração de não poder ir adiante.

Então, em vez de querer punir e brigar simplesmente porque ele tem sentimentos, pegue seu filho e tire-o da situação proibida. Ofereça compreensão, carinho e distração. É fácil?? Não, não é. Mas fica um pouco menos difícil quando a gente não olha a criança birrenta como um inimigo, mas sim como uma pessoa em formação que está pedindo ajuda.

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Comentários

  1. É bem por aí, Melina. Não entendo as birras como desafios pessoais, mas não podemos negar que são testes. E testes diários dos pequenos. Eles testam seus limites e os nossos. Apenas para ver o que acontece. Escrevi sobre isso também:
    http://somelhora.com.br/index.php/2016/01/12/feliz-mamae-terrible-two/

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Quem Sou

Sou Melina Pockrandt Robaina, filha de Deus, jornalista e mãe da Manuela (6 anos) e da Ana Júlia (1 ano)

Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.

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