Pais têm, entre suas muitas funções, um papel importante na construção da autoestima da criança. São nos primeiros anos – especialistas divergem entre 5 e 7 – que a personalidade do indivíduo é formada e também a sua visão acerca de si mesmo. Neste processo, uma das nossas responsabilidades é reforçar o valor que as crianças têm: elas precisam saber o quanto são importantes. Temos muita preocupação quanto ao seu bem-estar, suas necessidades físicas e, muitas vezes, negligenciamos a outra área no dia a dia. Falo por mim!
Pensando nisso, seguem a algumas atitudes que tenho tentado colocar em prática por aqui.
Se interesse pelos assuntos de seu filho. Quando seu marido, sua mãe ou uma amiga conversa com você, sobre qualquer assunto, você não ouve, demonstra interesse e interage? Porque com nosso filhos tem que ser diferente? Ouça e valorize suas constatações sobre o mundo, seus medos, suas piadas, suas ideias. A criança precisa saber que sua voz é ouvida.
Ainda no tópico acima, ao conversar com seu filho, procure fazer contato visual. Eu sei que nem sempre é possível, principalmente se você tiver uma criança em casa que gosta de falar bastante, rs. Mas olhar nos olhos, prestar atenção, abaixar-se na altura dela são sinais que mostram importância e que você está interessado no que ela tem a dizer. Eu fico muito feliz quando converso com alguém que me olha e demonstra interesse. Com certeza minhas filhas também.
Mas o interesse não deve ser apenas a aparência. Ouça o que seu filho tem a dizer. Pode parecer besteira para você, mas para ele não é. Responda, conversa sobre o assunto e se interesse ao ponto de lembrar disso depois. As crianças ficam muito emocionadas ao verem que seus pais prestam atenção a este ponto: “olha, filha, uma flor laranja igual aquela que você me mostrou no dia que a gente foi na casa da vovó”. Pequenos detalhes que, aqui em casa pelo menos, fazem uma diferença imensa.
Ainda sobre se interessar, saiba sobre a vida do seu filho e pergunte sobre ela. Por exemplo, conheça a grade curricular da criança para que possa perguntar sobre determinadas aulas daquele dia. Saiba o nome dos amigos (e, se houver, daqueles colegas com quem ela não se dá bem) e pergunte sobre eles.
Não podemos menosprezar os sentimentos, medos e anseios de nossos filhos. Não é porque uma coisa parece bobagem para um adulto, que a criança precisa ter esta visão. Para uma criança de três anos, uma boneca sem cabeça é muito triste. Para uma criança de seis anos, uma conta de subtração pode tirar a paz do dia. Evite respostas como: é fácil, é moleza, pare de frescura, engula o choro, pare de drama. Precisamos ajudar nossos filhos a entenderem os sentimentos e a lidarem com eles dentro da maturidade que têm.
Até mesmo respostas politicamente corretas como o “não precisa ter medo” ou o “já passa” podem ser interpretadas como “não vou ligar para isso porque é bobagem” se não forem acompanhadas de uma atitude correta dos pais.
A criança se sente valorizada quando sua opinião é levada em consideração. No que está dentro da maturidade de cada faixa etária, peça opinião: escolher a roupa, como quer arrumar seus brinquedos, que programa a família vai fazer, o que dar de presente para a vovó, como devem ser as regras sobre a hora de estudar e muitas outras decisões pessoais, da família e da casa. E leve em consideração de vez em quando. Se não for possível, explique por que, não ignore simplesmente.
Precisamos aprender a lidar até mesmo com as reações negativas dos nossos filhos, aquele “não”, aquela ira fora de hora. Isso porque, assim, mostramos que todos têm sentimentos, que nossos sentimentos são válidos e legítimos, mas que precisamos aprender a lidar com eles. Alguém briga com você só porque você acordou de mau humor? Então por que as crianças não têm direito a isso? (Lembram do post “São crianças, mas também são humanas“?)
Quando você errar, perder a paciência, agir errado, dar uma ordem incorreta, não entender algo que ele quis dizer e muitas, muitas outras situações a que estamos suscetíveis todos os dias, peça perdão ao seu filho! Ao pedirmos desculpas, mostramos que consideramos os sentimentos daquela criança, que não somos superiores a ela e que reconhecemos que erramos. Além, é claro, de ensinar a lição preciosa sobre como consertar quando fazemos algo errado.
Considere sua família e seus filhos as pessoas mais importantes na sua vida e demonstre isso. Como muito bem exemplificou uma amiga minha em uma palestra recente, quando os amigos vêm em casa, arrumamos a mesa bem linda para o jantar. Com as crianças, colocamos um pano de prato na bancada da cozinha e “coma rápido e sem derrubar”. Ou só acontece na minha casa?
Claro que esse exemplo em especial pode ser limitado pela correria do dia a dia, mas temos os finais de semana, certo? Além de muitas outras situações em que podemos demonstrar que pelos nossos filhos, o trabalho vale a pena.
Crianças ganham muitos presentes. Ainda que os pais limitem, existem os amigos, os tios, os avós que presenteiam por qualquer motivo. Então, muitas vezes, o presente não é interpretado como um sinal de amor. Na infância, uma das formas de demonstrar amor e valor é passar tempo de qualidade – leia-se exclusividade – com a criança.
Quando digo exclusividade, pode ser apenas com aquele filho em especial ou também simplesmente tempo de assistir a um programa de televisão em família, jogar um jogo, brincar ou passear no parque sem que a criança precise dividir a atenção com o celular ou preocupações do trabalho. Ai, como me dói ouvir a frase: “Mamãe, quando você terminar de mexer no seu celular…” ou “quando você terminar de fazer esse negócio do trabalho, vamos brincar de tal coisa?”.
Vi recentemente um post muito interessante no Facebook, creditado à página Psiconline Brasil, que me mostrou alguns aspectos sobre os quais eu não tinha pensado, falando sobre o respeito à privacidade da criança. Vejam as orientações: corrija a criança em particular, não fale de seus problemas para os outros, não fale de seus defeitos na frente de outras pessoas, não compare seu comportamento com o de outras crianças, não use insultos para de referir a suas capacidades.
Algumas coisas parecem óbvias, mas outras passam despercebidas. Quantas vezes falamos de coisas que nossos filhos fizeram (pequenas trapalhadas) na frente de outras pessoas, fazendo-o se sentir envergonhado? Ou brigamos na frente dos amigos e falamos de seus problemas para pessoas que não precisam saber deles? À primeira vista, isso pode parecer exagero, mas se você aplicar para sua vida, com certeza, não gostaria de ser tratado dessa forma.
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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