Ana Júlia, aos 4 anos, perdeu o privilégio de ir ao passeio. Ela estava muito animada – muito mesmo. Tanto que acordou cedo e se trocou sozinha para ficar pronta para sair.
Mas começou a se comportar mal. Respostas grosseiras e inadequadas levaram à advertência: “este é o último aviso. Se você fizer assim novamente, não vai passear”. Dois minutos e o comportamento errado veio de volta. “Você não vai!”
O choro foi instantâneo.
Como todo mundo tem direito de se sentir triste e chorar, disse que ela poderia ir chorar no quarto dela, para não acordar quem ainda estava dormindo. Ela foi, mas começou a chorar e gritar em plenos pulmões: EU QUERO IR! Foi tanto e tão alto que fechei as janelas em respeito aos vizinhos (se bem que não adiantou muito).
Foram entre 10 e 15 minutos (mas que pareceram 2 horas) de gritos EU QUERO IR e muito choro escandaloso. Entrei no quarto somente quando ela bateu a porta para lembrá-la, sem ironia (lembra sobre o melhor método de educação?) : “eu queria muito que você fosse também, mas você tomou a decisão errada. Eu não vou voltar atrás na minha decisão. Você pode chorar e gritar, só não pode bater as coisas. Isso não será aceito.”
Eu e o marido aguentamos firmemente os minutos eternos de gritaria e choro. Até que ela se acalmou. Aproveitei e – como se nada tivesse acontecido – a chamei para fazer o devocional. Lembra quando falei sobre usar livros para ensinar educação emocional aos filhos? Pois é. Aproveitei uma história bíblica para ensinar sobre acessos de raiva.
Usar as histórias e princípios da Bíblia para aprender a viver e se relacionar com os outros é (ou deveria ser) prática fundamental para quem é cristão. Mas mesmo quem não é pode usar as narrativas para ensinar os filhos. Por isso, resolvi falar aqui mesmo sabendo que nem todo mundo que está lendo compartilha da mesma fé que nós temos.
Abri a Bíblia em Gênesis, capítulo 4, na versão NTLH (uma versão da Bíblia mais fácil para ler com as crianças) e contei a história de Caim e Abel. Em resumo, Caim e Abel eram dois irmãos, um agricultor e o outro criador de animais. Os dois ofereceram uma oferta a Deus. Mas Deus só aceitou a oferta de Abel porque foi sincera. Caim fez meio de “qualquer jeito” e Deus queria mostrar para Caim que esse tipo de coisa não é bacana.
Mas pensaaaaa no ciúme que um irmão sentiu do outro. Ele ficou muito bravo! Deus, como um bom pai que é, chamou Caim para conversar e perguntou:
“Por que você está com raiva? Por que anda carrancudo? Se tivesse feito o que é certo, você estaria sorrindo, mas você agiu mal” (Genesis 4:6-7)
E Deus ainda completou explicando que o mal está sempre perto da gente, querendo nos dominar, mas cada pessoa precisa decidir não se deixar dominar pelo mal e fazer o que saber que é certo. Porque é isso que pais fazem: eles ensinam a criança a identificar o sentimento que estão tendo e mostram qual é a reação correta diante dele.
Só que Caim não ouviu a Deus e deixou que a raiva enchesse tanto o coração dele, que acabou matando seu irmão. :'(
Contei essa história para a Ana, dando ênfase no que Deus ensinou para Caim, mostrando que todas as pessoas podem sentir raiva em alguma momento, que isso é comum, mas que a gente não pode deixar que o sentimento de raiva nos domine e nos faça ter atitudes que não são corretas: como ofender as pessoas ao nosso redor ou ter atitudes que as afastam (gritarias, por exemplo). E ela entendeu! Deu para ver nos olhos dela.
É claro que esse tipo de aprendizado é contínuo e evolutivo. Cada vez mais ela vai aprendendo a discernir o próprio sentimento e a fazer escolhas melhores nas suas reações. E a gente não pode desistir de ensinar.
Daqui para baixo, a explicação já veio para a nossa fé. Se você não é cristão, talvez não tenha tanto interesse nessa parte, mas fique à vontade para ler :)
Depois que ela entendeu a história e eu vi claramente que se identificou com o comportamento negativo (não precisei nem fazer a conexão direta), fomos para Gálatas 5 e eu mostrei para a ela a lista de frutos da carne.
Muito legal que a NTLH traz exatamente a expressão acessos de raiva. Então expliquei o que são esses acessos de raiva, além de gritaria, inimizades, divisões e brigas. Perguntei se ela já tinha visto alguém ter essas atitudes e ela disse que sim,
Em contraponto, mostrei o fruto do Espírito, com foco na amabilidade, mansidão e domínio-próprio. Aproveitei para expor minhas atitudes erradas. Falei sobre a última vez que gritei com ela, como foi errado, que preciso sempre pedir perdão para ela e para Deus quando tenho esse comportamento. E, principalmente, mostrei para a Ana que o fruto do Espírito é o comportamento que a gente deve ter, deve buscar e que temos ajuda divina para desenvolver.
Nessas horas, eu me lembro da advertência divina em Deuteronômio para que a gente não se canse de ensinar princípios e valores para nossos filhos. É o tempo todo: sentado, andando, em casa, no caminho… sem esmorecer!
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Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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Maravilhoso! Obrigada por compartilhar! ???
Amei! Glória a Deus!
Que beleza!
Parabéns.