Quando a Manuela nasceu, eu não consegui voltar a trabalhar no término da licença-maternidade e pedi demissão. Mas quando ela estava com 8 meses, eu senti a necessidade de voltar ao mercado de trabalho e fui procurar uma escola para ela ficar. Naquela época, eu me preocupava muito com o desenvolvimento cognitivo, com o estímulo da inteligência, com a apresentação de conteúdos (letras, números, idiomas etc). E, por isso, a proposta pedagógica das escolas era o que mais pesava nas minhas visitas.
Mas os anos passaram, eu engravidei de volta, e hoje – seis anos depois – saí em busca da escola da Ana Júlia, curiosamente com a mesma idade da Manuela. E me peguei pensando e falando com os responsáveis, que estava interessada mesmo em um espaço seguro e lúdico em que ela pudesse brincar e se desenvolver. Ana Júlia está quase andando e o que ela não precisa é uma sala minúscula cheia de tatame ou de uma escola cheia de escadas e restrições de espaço.
Por essas e outras, resolvi optar pela mesma escola que a Manuela “estudou” no berçário. Ela sempre foi bem cuidada enquanto bebê (não vinha para casa suja, nunca veio assada e a única vez que se machucou foi tentando engatinhar a bateu a testa) e o espaço da escola é muito amigável para os pequenos. Os parques são grandes, mega coloridos, a maioria forrada com grama sintética e coberta, há muitas rampas entre eles e foi uma construção feita para ser escola – e não uma casa adaptada.
Enfim, eu vejo como a minha preocupação mudou. É claro que ela só vai ficar ali até ter a idade suficiente (três anos) para ir para a mesma escola da irmã, que acaba tendo parques e brincadeiras, mas tem uma preocupação cognitiva bem grande.
Acho que hoje, é difícil encontrar muitas opções de escolas que incentivem e valorizem o brincar tanto quanto o conteúdo das disciplinas e o currículo formal. O que acontece é que pela pouca variedade, acabam tendo poucas opções e fica muito difícil achar uma que fique perto de casa, do trabalho ou próximo dos caminhos cotidianos.
Esta semana estou fazendo uma reportagem sobre a importância do desenvolvimento das habilidades não cognitivas, chamadas mais corretamente de socioemocionais. E uma das pesquisadoras comentou: “a escola tem que formar para a vida. E não para o vestibular”. É complicado, mas a cultura geral não é essa e muitas vezes somos contaminados por isso. Não vou mentir: quero que a Manuela seja feliz, brinque, mas que tire boas notas, rs. É algo muito complexo.
Como vocês se sentem em relação a isso?
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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