A cólica do bebê é sem dúvida um dos primeiros desafios da maternidade. Ver o bebê chorando daquele jeito corta o coração da mãe e do pai. E a gente sofre ainda mais quando descobre que não tem muito o que fazer para aliviar. Afinal, o que causa as cólicas do bebê? E como aliviar as dores? É possível prevenir.
Confere abaixo o que o pediatra Eduardo Brandina, do Hospital Edmundo Vasconcelos, explicou sobre o assunto.
Cólica do bebê é algo extremamente comum e não é motivo para pânico. Segundo o especialista, as pesquisas acerca das causas da cólica nos lactantes são inconclusivas – ou seja, não têm resultados certos. Há, entretanto, algumas hipóteses para o motivo dessas dores.
Entre elas: imaturidade no sistema nervoso central do bebê, anormalidade na produção de hormônios gastrointestinais, alteração na motilidade (mobilidade) intestinal e, até mesmo, fatores externos, como barulho, claridade e muita agitação.
Pesquisas indicam também que bebês que não se alimentam apenas de leite materno têm duas vezes mais chances de terem cólicas.
Porém, nem sempre – aliás, na maioria das vezes – esse choro não é dor. A pediatra Florência Fuks lembra que, muitas vezes, o choro irritado de um bebê não tem nada a ver com dor de barriga.
Sabe aquele choro que vem sempre no final do dia? Seria gases com hora marcada? Não! É um bebê que está “desabafando” todo o cansaço e estresse de viver por algumas horas nesse mundo novo. Quem nunca passou por um estresse e, depois, só precisava chorar por uma meia hora para se organizar emocionalmente de volta?
É a mesma coisa, proporcional a um bebê de poucos meses de vida. A gente precisa de um longo tempo de estresse para precisar desabafar (às vezes, não, rs). Eles precisam de algumas horas somente para se sentirem “sobrecarregados” emocionalmente.
Obviamente, não há uma resposta definitiva para essas perguntas porque cada bebê é único. Porém, é mais comum as cólicas começarem por volta da segunda semana de vida, atingirem um pico entre a 4ª e 6ª semana e diminuírem significativamente após o terceiro mês.
Em geral, o choro da cólica é mais sofrido, persistente, irritadiço e pode ser acompanhado de gases, barriga endurecida e punhos cerrados.
Vale também aquela dica da eliminação: comeu? Não está com fome. Está limpo? Não é sujeira. Está suando ou com a nuca gelada? Não está com frio nem calor. Pode ser sono? Enfim, o choro de cólica não resolve fazendo dormir, nem trocando a fralda…
Como não existem causas definitivas, não há tratamento eficaz para a cólica. Mas algumas dicas simples podem ajudar a confortar o bebê nesse momento difícil. O pediatra indica:
Seja dor efetiva ou mesmo um choro emocional, o colo é um grande aliado durante as crises de cólica. Algo que ouvi da psicanalista Vera Iaconelli é que o colo, num momento de choro ou sofrimento – seja do bebê ou de nós, adultos – significa: “eu não posso tirar a sua dor, mas vou estar contigo durante a sua dor”.
A pediatra Florência explica que o colo pode aliviar a cólica ou amenizar qualquer dor física, na hora de uma doença, por exemplo. Isso porque a resposta sensorial tátil – ou seja, aquilo que a gente sente na pele – é mais rápida do que a sensação de dor. E quando o cérebro recebe várias informações, a primeira é mais forte e as demais são mais fracas. Ou seja, o colo alivia a cólica e ameniza a dor!
Se a cólica for “emocional” e não dor física, o colo diz “estou aqui com você nesse momento difícil. A vida é dura mesmo, mas você vai conseguir lidar com isso. E eu estarei aqui com você”. É a primeira lição de resiliência diante das dificuldades da vida. A especialista afirma que a última coisa que um bebê precisa nesse momento é de medicação e que o nosso objetivo não deve ser calar o choro, mas estar com o filho para passar por ele. Ou seja muito colo não faz mal nessa hora.
Tratamentos com medicamentos, chás ou outros métodos de controle da dor só devem ser realizados sob orientação do pediatra. É muito importante acompanhamento médico periódico, pois só o exame clínico poderá descartar outras razões para o choro da criança.
Por mais traumático que possa parecer, a cólica não prejudica o desenvolvimento do bebê, segundo o especialista.
Cientificamente, não é comprovada a relação entre o que a mãe come e a cólica do bebê que se alimenta de leite materno. “O que observamos é que os lactentes podem apresentar alguma sensibilidade a certos alimentos, o que aumentaria a ocorrências de cólicas nestas crianças, sendo assim, algo individual”, explica o especialista.
Portanto, não devemos fazer uma lista de alimentos proibidos durante a amamentação. Porém, alguns alimentos são frequentemente associados a cólicas, como café, chocolate, chá preto, brócolis, repolho, feijão. “O correto é orientar as mães a observarem a ocorrência de cólicas em seus filhos e relacionar aos alimentos ingeridos naquele período, lembrando que a alimentação saudável e variada, sem excessos, é sempre a indicada.”
Já ouvi mães que pararam de comer absolutamente tudo e o bebê continuou com cólica. Então, vale avaliar seu filho!
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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