Ensinar a criança a lidar com frustração é uma das responsabilidades dos pais. Isso faz parte da tão importante educação emocional. É a gente ensinar como identificar diferentes emoções para, então, saber responder e reagir da maneira correta.
Crianças que não aprendem na infância a lidar com suas emoções crescem e se tornam adultos que não sabem reagir diante situações adversas. Pessoas que explodem facilmente, choram por qualquer coisa, têm reações inadequadas de maneira geral podem ter sido crianças que nunca foram orientadas sobre como identificar sentimentos e responder a eles.
É fácil? Não, não é! Principalmente, porque a maioria de nós, pais e mães, temos algum tipo de falta nessa área de educação emocional. Então, é um aprendizado que é construído entre pais e filhos.
Uma dica: quem fala muito sobre isso e de maneira fantástica é a psicóloga Camila Machuca (siga ela no instagram: www.instagram.com/camilamachucapsi).
É normal para as crianças não saberem lidar com os sentimentos. Lembram quando contei da Ana Júlia e suas reações exageradas aos 3 anos de idade?
Até hoje, aos 4 anos, a Ana Júlia ainda está aprendendo a reagir de maneira correta. Às vezes, ela fica tão tão feliz que não consegue lidar com a felicidade e acaba chorando. Já aconteceu de ela me machucar sem querer e ficar tão triste que gritou e saiu brava (com ela mesma) para ficar sozinha.
Da mesma maneira, com a frustração de receber um NÃO ou uma bronca necessária, acontece às vezes de ela gritar enfurecida. A gente vê claramente que é uma necessidade de colocar para fora um turbilhão interno com o qual ela não sabe lidar.
Então, como mãe, eu preciso nessas horas explicar para ela o que ela está sentindo e qual seria a reação correta:
“Filha, você está triste porque eu não te deixei fazer algo, mas nós não devemos gritar dessa forma. Respire fundo para se acalmar e procure ver outra atividade que você possa fazer.”
“Filha, você me machucou e ficou triste. Mas eu sei que foi sem querer e acontece. Não precisa ficar brava. Quando a gente machuca alguém, pede desculpa, faz um carinho, mas não precisa gritar e se afastar.”
O grande problema, entretanto, é que nós – pais e mães – precisamos ter as nossas emoções sob controle e pacientemente ensinar! Essa é a parte mais difícil: não deixar as reações exageradas deles desencadearem em nós reações exageradas.
Aqui em casa, a nossa maior dificuldade agora aos 4 anos, estava sendo a reação exagerada de raiva quando ela era corrigida ou proibida de fazer algo. GRITO, CHORO E RANGER DE DENTES.
Além do grito, era comum ela se afastar de todos. A gente até tentava abraçar para acalmá-la, mas ela não queria nem nosso carinho.
A gente vem tentando trabalhar já algum tempo com isso. E, graças a Deus, os episódios se tornaram bem menos frequentes. Mas ainda presentes. Foi quando um livro nos ajudou.
No ano passado (2018), a campanha do Itaú Leia para uma Criança enviou dois livros aqui para casa, como eles fazem sempre. Dessa vez, um deles foi o Pedro Vira Porco Espinho, de Janaina Tokitaka.
Eu ainda não tinha lido com as meninas quando, depois de algum tempo, Ana Júlia disse que queria tentar ler sozinha. Fiquei junto com ela para ajudá-la quando necessário e, então, percebi o teor da história.
Pedro é um menino como qualquer outro, uma criança alegre que gosta de brincar. Porém, quando acontecem situações que o deixam bravo, frustrado ou triste, ele vira porco-espinho.
Na hora, lembrei de uma entrevista que fiz com a psicóloga Camila Machuca sobre livros como ferramentas de educação emocional. E coloquei em prática algumas das dicas dela.
A primeira coisa que eu fiz foi perguntar para a Ana Júlia quais sentimentos aquelas situações que eram descritas no livro poderiam gerar no Pedro. E ela me ajudou a identificar:
Ele fica triste, ele fica bravo, ele fica irritado.
Em seguida eu perguntei sobre o porco-espinho: ele é um bichinho que a gente abraça? Gosta de fazer carinho?
E ela identificou: não. A gente não gosta de ficar perto do porco-espinho. Porque o porco-espinho machuca as pessoas.
Depois, a gente trouxe essa situação para o dia a dia. Quando gritamos, brigamos com os outros, somos grosseiros, estamos nos tornando porco-espinho, né?
Aqui foi muito importante não usar essa situação para acusar a criança, apontar o comportamento dela. Todas as pessoas podem se tornar porco-espinho. Não só ela.
Por fim, a mudança começou a ser sentida nas primeiras situações depois que lemos o livro. Quando a Ana Júlia ficava brava e queria gritar ou se afastar, eu perguntava: “você vai virar porco-espinho?”. E ela parava, pensava e se acalmava!
Ainda estamos fazendo isso aqui em casa e tem sido muito bom! Além de eu perceber que as reações dela não tem sido mais tão exageradas, na hora que vai acontecer, eu relembro a metáfora e ela consegue interromper aquela possível crise.
Como ajudar meu filho a lidar com a frustração: um pequeno guia de educação emocional
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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