No primeiro dia de aula, dei de cara com esse post super engraçado do Potencial Gestante e fiz questão de compartilhar no Facebook (e também no Stories, do Instagram). Afinal, amo piada sobre maternidade!
Apesar de esse ano ter sido o mais tranquilo em relação às férias escolares, ainda sim comemorei o retorno às aulas, pois a vida de quem trabalha fora é muito complicada quando não se consegue tirar férias junto com os filhos (até comentei nesse post aqui: As férias e o home office). Mas, é claro, que como sempre a gente recebeu críticas (a gente porque sei que a Luiza do Potencial Gestante também se deparou com muito comentário desnecessário). Teve gente bacana que só comentou que curte muito as férias e não gosta de mandar os filhos para a escola. Mas teve aqueles que não acrescentam em nada, do tipo “gente que odeia os filhos”, “não tem graça nenhuma deixar os outros cuidarem”, “pra que tem filho?” etc e tal.
Eu já não me ofendo mais com isso (porque senão jamais conseguiria manter esse blog), mas sempre analiso o que será que está por trás disso. E eu cheguei à seguinte conclusão: só se consegue ter empatia por aqueles que sofrem com lágrimas. Pessoas “pra cima”, que conseguem fazer piadas de suas lutas e riem das dificuldades não precisam de mãos estendidas, apenas de dedos apontados.
Imaginem que eu tivesse escrito o seguinte texto no Facebook:
Hoje começam as aulas das crianças. Esses dias de férias têm sido tão difíceis porque estou com dificuldade de conciliar o trabalho com as crianças em casa. Estou cansada, estressada, não consigo entretê-las, estou dormindo mais tarde e acordando mais cedo para conseguir trabalhar, não sei mais o que fazer nos dias que preciso ir para o escritório. Às vezes tenho vontade de chorar. Confesso que estou feliz porque as aulas estão começando hoje e tudo vai voltar à rotina normal.
Eu te garanto, GARANTO, que não teria nenhum comentário do tipo “que mãe desnaturada”. Teriam muitas curtidas, muita gente falando que entende, gente me desejando boa sorte, gente concordando, gente dizendo que também está quase chorando, gente que também está comemorando… E 90% das pessoas que lessem iam ficar com “dó de mim” e pensando “como é difícil mesmo a vida dura de mãe”.
Mas nem sempre estou a fim desse tipo de desabafo (às vezes eu faço mesmo e é muito bom!); na maioria das vezes, eu prefiro fazer piada sobre maternidade, sobre as dificuldades, dos perrengues da vida de mãe. Prefiro colocar um vídeo super divertido de um monte de mulher dançando com o comentário de que são mães comemorando a volta às aulas. Pode até ser que mais mães se “engajem” no post do desabafo, mas eu tenho certeza que lé 90% delas irão compartilhar do meu peso e da minha luta. Já no vídeo 90% das mulheres vão pelo menos dar uma boa risada.
No fim das contas, acho que muita gente ainda marginaliza a piada sobre maternidade pelo medo que ela passe a impressão errada a respeito do amor pelos filhos. Faz pouco tempo que tem sido considerado ok (e ainda não é 100%) reclamar da maternidade. Mas todo mundo entende quando uma mãe reclama chorando: “- Tadinha, é duro mesmo. Olha só como está cansada e esgotada.” Mas se uma mãe reclama rindo, que tipo de mulher é essa?
Ainda que nem todo mundo verbalize, a maternidade é dura para todo mundo – para algumas mais, para outras menos, em áreas e momentos diferentes. Todo mundo merece a tão falada empatia. Não é porque eu faço piada em vez de chorar que eu preciso de menos apoio. Estamos todas juntas, no mesmo barco materno; cada uma com sua estratégia para lidar melhor com o balanço do mar.
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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