Lá em Casa mãe infeliz

Sou mãe, mas também sou humana

15 de novembro de 2014

Quando a gente se torna mãe, a gente deixa de lado um pouco da nossa humanidade. A gente tem fome, mas dá a nossa comida para nosso filho. A gente tem sono, mas vai dormir tarde, acorda de madrugada e levanta cedo para atender às necessidades do bebê. A gente tem frio, mas dá a blusa para a criança. Nós servimos de fonte inesgotável para toda e qualquer necessidade que nossos filhos precisam.

Neste sábado, passei o dia fora de casa. Quando cheguei, exausta, consegui colocar a bebê para dormir e combinei com a Manuela que ia dar uma cochilada e que depois a gente iria brincar de caça ao tesouro e fazer nosso teatro de marionetes, que tínhamos planejado mais cedo.

Quando finalmente estava conseguindo pegar no sono, ela me chama e me mostra na mão o tomate que colheu da nossa hortinha. Mas um detalhe importante: três horas antes, ela tinha me perguntado se a gente iria poder colher o tomate hoje e eu disse que precisava ficar mais uns dias porque ainda não estava bem maduro.

Na hora que vi o tomate, eu surtei. Surtei tanto que até perdi o sono. Gritei, perguntei o que eu tinha dito sobre o tomate antes, falei que eu estava tão ansiosa quanto ela para colher o tomate e queria ter feito junto com ela (faz mais de 4 meses que plantamos!), que eu estava cansada de ela me desobedecer.

Fiquei tão alterada que saí da sala e quando voltei, vi o tomate e mandei ela sumir com ele, que eu não queria ver na minha frente. Notei que ela foi lá e jogou da nossa sacada (a gente mora em casa). E então ela foi para seu quarto.

Eu desci e peguei o tomatinho, ele tinha aberto com o impacto e eu fiquei ainda mais triste. Subi para meu quarto e tentei dormir, mas não consegui. Deitada na minha cama, eu chorei. Chorei pelo tomatinho espatifado, chorei pela oportunidade de descansar desperdiçada, chorei pela desobediência da Manuela, mas acima de tudo, chorei porque sou humana.

Chorei porque eu queria muito ter colhido o nosso primeiro tomatinho, porque me descontrolei com a minha filha e também porque não tenho controle sobre ela. Mais do que isso, vi que essa era apenas a gota d’água em um copo transbordante.

E, na verdade mesmo, chorei pela semana que fiquei sozinha com as duas, pelos cinco dias que a Manuela está doente, pelo dente que está nascendo da Ana Júlia e faz ela chorar de madrugada, pelos 10 dias que não consigo dormir nem 5 horas seguidas. Chorei pela dependências que essas duas crianças têm de mim e pela expectativa que eu preciso suprir para elas e para todos ao meu redor. Enfim, chorei porque sou humana!

A grande verdade é que a maternidade não é fácil. É linda? Sim! É uma coisa inexplicável? Com certeza! Nossos filhos valem todo o sacrifício e o sorriso deles é a nossa maior recompensa. Esses e todos os clichês que você pode imaginar são verdadeiros, não são coisa de publicitário! Mas também cansa, é exaustivo e tem momentos que a resposta dos seus filhos não é a esperada.

Enfim, a maternidade pode ser dura para os humanos, mas – como tudo  na vida – a gente vai aprendendo a lidar e se tornando melhores a cada dia. Eu ainda não sei o quão melhor sou desde que a Manuela nasceu há seis anos, mas estou tentando. Ah,como estou tentando.

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Quem Sou

Sou Melina Pockrandt Robaina, filha de Deus, jornalista e mãe da Manuela (6 anos) e da Ana Júlia (1 ano)

Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.

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