Outro dia estava fazendo uma matéria de revista e a pauta era falar sobre infância e tecnologia e como as brincadeiras antigas estavam perdendo espaço para os jogos modernos, em especial os eletrônicos. Mergulhei de cabeça no tema, pensando que o foco seria o lado negativo da tecnologia, como ela estaria afastando as crianças da “verdadeira infância” e tudo mais.
Para minha (grata) surpresa, minhas fontes falaram exatamente o contrário. Entrevistei o escritor Pedro Bandeira (clássico da literatura infantil brasileira) e também a psicoterapeuta Natércia Tiba (filha do conhecidíssimo Içami Tiba) e os dois afirmaram que a tecnologia não tem nada de ruim, não. Enquanto o escritor falou que as crianças brincam e brincarão com tudo que lhes forem dado – seja um jogo eletrônico ou bolinha de gude – a psicoterapeuta falou que é super a favor do uso da tecnologia na infância porque, segundo ela, os jogos eletrônicos e outros dispositivos – como iPad – oferecem outros estímulos para as crianças. Cabe aos pais promover o equilíbrio entre o real e o virtual e aproveitar os benefícios que a tecnologia tem para oferecer aos seus filhos.
Uma frase que me marcou da Natércia foi: “As crianças brincam com um tablet porque têm condições de fazer isso”, ou seja, elas conseguem e aprendem com grande facilidade. Eu fico chocada como a Manuela (agora com 3 anos e 8 meses) mexe no iPad, abre os aplicativos que quer, fecha, ativa a câmera, tira foto, vira o dispositivo da maneira que acha melhor, coloca a senha para desbloquear, arrasta os dedinhos para ampliar ou diminuir as imagens… E eu não precisei passar tempo ensinando, parece algo completamente intuitivo. Tanto que, para a frustração dela, ela pega meu Blackberry (que não é touch) e quer ver as fotos passando o dedo, rs.
É claro que eu preciso dosar o tempo que ela passa com o iPad. Antes deixávamos ela brincar mais, agora não é nem todo o dia. Além disso, temos um grupo de aplicativos infantis (livros, desenhos e jogos) e são apenas esses que ela pode acessar sozinha. A gente quer que ela entenda que, apesar de ser muito legal, não é um brinquedo de criança, é algo que custa dinheiro e que é preciso ter cuidado para não estragar.
Claro que nem todo mundo pensa dessa forma, né? Outro dia, no shopping, entrou um casal com dois filhos pequenos. A mais velha devia ser um pouco mais nova que a Manuela. Ela pediu para ir ao parquinho, então o pai falou para ela dar para ele o iPad. Sim, o brinquedo da menina, que ela estava carregando por aí, era um iPad com uma capa super colorida, de braços e pernas. Ou seja, era dela com certeza. Confesso que choquei total… Mas cada um é cada um, né?
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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