Para Mães e Pais

{Depoimento} Troquei de obstetra no fim da gravidez – Parte 2

16 de novembro de 2014

A Marina já contou aqui no blog como foi a decisão de trocar de obstetra com 33 semanas de gravidez. Vamos conhecer o restante da história?

Dilatação sem trabalho de parto

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Já havia duas semanas que eu estava com dilatação. Às 38 semanas, durante uma consulta de rotina, o novo médico disse para minha surpresa: “você já está com 3 centímetros de dilatação. Parabéns! Muitas mulheres levam horas pra chegar a esse ponto”. “Mas o que devo fazer?”, perguntei ao doutor. “Nada”, disse ele. “Vá pra casa, fique tranquila, quando as contrações regulares começarem você saberá que é hora de ir para a maternidade”.

Minha mãe estava comigo, ficou feliz e apavorada ao mesmo tempo. “Como ir para casa?”, disse ela para mim após a consulta. “Sim mãe, vamos esperar, não quero acelerar nada”. Nesse momento eu estava começando a entender e a sentir o que significava um parto humanizado.

Para a maioria dos médicos esse seria o momento de internar e aplicar a ocitocina, hormônio que faz as contrações evoluírem e, assim, a dilatação aumentar. Não era o caso. Optamos pela naturalidade. Às 39 semanas, a dilatação aumentou para 4 centímetros e continuávamos a aguardar as tão esperadas contrações regulares.

Às 40 semanas, nada de evolução. Pelo contrário, nem contrações de treinamento eu tinha mais, aquelas chamadas Braxton-Hicks. Liguei para a Patrícia. “Estou preocupada… não tenho sinais de evolução, será que teremos que induzir o parto?”, disse a ela.  Patrícia me tranquilizou: “É assim mesmo! Muitas mulheres ficam dias sem sentir nada, até que, em uma madrugada qualquer, o bebê resolve nascer. Não tenha pressa, tudo tem seu tempo, a Beatriz também”. Fiquei tranquila, aproveitando os últimos dias do barrigão.

Às 40 semanas e 2 dias, num sábado, recebemos a família do meu marido em casa para um café da tarde. Eu e minha enteada Juju sentamos na grama pra arrumar o jardim. Ali ficamos por horas, tirando matinho, arrumando flores e tomando sol. Eu mal conseguia levantar sozinha, tamanha era a barriga que eu carregava ali. Mal sabia eu que faltavam poucas horas para eu e Beatriz nos conhecermos pessoalmente…

Trabalho de parto

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Eram 4h30 da manhã quando aquela cólica forte me acordou. Virei de lado. Minutos depois, mais uma. “Será que Beatriz encaixou e por isso doeu?”. Vamos esperar a próxima, que veio pouco tempo em seguida. Peguei meu celular para cronometrar intervalos e duração e percebi que estavam vindo junto com contrações. Fiz exatamente como a Doula havia ensinado dias antes, durante um alarme falso: “cronometra durante 40 minutos e vá para o chuveiro, se continuarem fortes, mesmo com a água quente, me liga”.

Precisei mesmo ligar. Embaixo do chuveiro as dores se intensificaram. Já eram 5h da manhã, resolvi acordar meu marido: “Rafa, a Beatriz vai nascer”.

Liguei para a Patrícia, a Doula, ela me orientou a comer alguma coisa e a colocar uma bolsa de água quente na barriga. Meu marido me trouxe duas bananas, foi tudo o que consegui comer naquele comento. Já a bolsa de água quente, essa não deu tempo de colocar…

Chegou a hora

Às cinco da manhã do domingo, dia 25 de agosto de 2013, liguei para a Patrícia novamente. Não conseguia colocar a bolsa de água quente, não conseguia mais ficar deitada, as cólicas com contração eram muito intensas. Deitada elas não paravam. Em pé iam e vinham num intervalo de 5 minutos. “Chegou a hora de ir para a maternidade”, orientou ela.

As malas já estavam prontas havia algumas semanas. Eu havia deixado uma lista das últimas coisas a pegar antes de ir para a maternidade em cima da penteadeira, entre elas: escova de cabelo, secador, necessaire de maquiagem (por que não?).

Meu marido se encarregou de providenciar os itens da lista. Nesta noite, a filha dele, Júlia, de 6 anos, dormia com a gente. Ele a pegou de pijama mesmo e disse: “filha, sua irmã vai nascer, vamos levar a Nina pra maternidade”.

Levamos 20 minutos para chegar à maternidade. Os avós paternos já estavam lá na porta para pegar a Júlia e levar para a casa deles. Nesse momento, eu mal conseguia ficar em pé. Fui direto para o plantão para avaliação, torcendo para que a dilatação tivesse aumentado. Como eu queria ter a certeza de que Beatriz estava cada minuto mais perto de chegar!

“7 para 8 de dilatação”, disse a médica. Eu e o Rafa vibramos! O dia havia chegado! Agora sim eu tinha a certeza de que Beatriz queria nascer. Quanto amor eu senti naquele momento. Cada contração me fazia sentir mais perto de ter ela em meus braços. Não havia medo. Não havia receio algum do que estava para acontecer. Só amor, um amor verdadeiro que crescia a cada minuto.

Patrícia, a Doula, chegou. Entrou na sala e começou a me ajudar a cada contração. Agachávamos juntas, de mãos dadas, cada vez que as dores vinham. Nesse momento a cólica era frequente, não passava entre uma contração e outra.

“Você vai direto para o centro cirúrgico”, disse a médica de plantão. Eu havia optado pela analgesia. “O seu médico já está a caminho”. Nem cheguei a ir para o quarto para esperar o trabalho de parto avançar.

O centro cirúrgico não era uma sala enorme, daquelas com uma luz fria, cheia de equipamentos apitando. Não. Era uma sala pequena, suficiente para nós 5 – eu, Rafa, Dr. Carlos (o médico), Patrícia (a Doula) e, claro, Beatriz.

Analgesia aplicada, o corpo relaxou. “Que delícia, poderia ficar horas aqui”, disse eu à equipe médica às 8h15 da manhã. Patrícia apagou a luz. “Fica melhor para você relaxar”, disse ela. E ficou mesmo. Nesse momento eu já estava deitada, já não sentia as dores das contrações. De um lado, Patrícia segurando minha mão. Do outro, o Rafa, companheiro do início ao fim. O que fazíamos nesse momento? Acredite se puder, jogávamos conversa fora.

Bia 6 meses (73)

Dr Carlos chegou e entrou no bate-papo. Falávamos de nomes de filhos, de cinema, Dr. Carlos pegou o celular dele e orgulhoso mostrava seu filhinho pequeno dançando as músicas da Galinha Pintadinha no cinema.

Quanto mais distraída, mais relaxada, mais minha Beatriz se aproximava do mundo aqui de fora. “9 de dilatação”, disse o Dr Carlos. Estava muito perto! O último centímetro dilatou no momento do rompimento da bolsa de águas. “Vou precisar romper sua bolsa” disse o médico.

E então as contrações pegaram ritmo novamente. Eu não as sentia. Patrícia sentia com suas mãos e conduzia para fazer força. Beatriz estava chegando.

Rafael ganhou uma almofada para empurrar minhas costas. Patrícia segurava minha mão e minha barriga para me avisar das contrações. E eu, fazia força. Sem dor, apenas força. De repente, sinto o nascimento. Sim, era a Beatriz, o amor da minha vida. Eu havia dado a luz a ela.

E então eu ouvi o choro. Era o primeiro choro. Cordão ainda pulsando, ela veio pros meus braços. O choro por um instante parou. “Filha, mamãe está aqui para cuidar de você. Seja-bem vinda ao nosso mundo, meu amor…”. Ali não havia mais nada, só o amor. O amor mais forte que pode existir. Tudo era silêncio. Nós três nos abraçamos, pai, mãe e filha. Emoção, amor, felicidade. Um momento que valeu uma vida.

Bia 6 meses (17)E hoje?

Ter minha opção respeitada me possibilitou viver o momento mais lindo e intenso da minha vida. Não consigo imaginar não ter passado por essa experiência. Quando fico sabendo que uma mãe marcou dia e hora para o nascimento do filho, logo penso: “que pena… você não sabe o que está perdendo”.

Mas respeito, respeito diferentes opiniões, assim como gosto que respeitem as minhas. A única coisa que eu gostaria é que o momento do bebê fosse respeitado. Quer fazer cesárea, faça! Mas aguarde o trabalho de parto. Deixe o bebê estar pronto para vir ao mundo. Não antecipe o que a natureza é encarregada de fazer, ela é muito sábia. Se informe, leia, converse. Tenha opinião, tenha conhecimento, seja dona da sua história.

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Comentários

  1. Cassiana disse:

    Olá
    Tudo bem?
    Gostaria de saber o nome do médico!?
    Obrigada

    1. Maternidade Simples disse:

      Bom dia. Foi o Dr. Carlos Miner Navarro.
      Att

  2. Suelen disse:

    Olá, vc ganhou em qual maternidade?

    1. Melina disse:

      Foi na Maternidade Curitiba.

  3. Karol disse:

    Olá, também gostaria de saber qual a maternidade? Abraço

    1. Melina disse:

      Foi na Maternidade Curitiba.

  4. TaYaNa disse:

    Gostaria de saber em qual maternidade!

    1. Melina disse:

      Foi na Maternidade Curitiba.

  5. marcia disse:

    QUE LEGAL DR. CARLOS SERA MEU MEDICO TAMBEM

    1. Melina disse:

      Que legal!! Deus abençoe sua hora :)

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Quem Sou

Sou Melina Pockrandt Robaina, filha de Deus, jornalista e mãe da Manuela (6 anos) e da Ana Júlia (1 ano)

Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.

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