Para Mães e Pais troquei de obstetra

{Depoimento} Troquei de obstetra no fim da gravidez

13 de novembro de 2014

É com muita alegria que posto aqui no blog este depoimento super lindo da Marina, que corajosamente fez tudo o que era preciso para que a sua Beatriz nascesse bem. Confira, compartilhe, comente!

“Meu nome é Marina Belomo, sou jornalista, tenho 32 anos e sou mãe da Beatriz, que hoje está com 1 ano e 2 meses.

A Beatriz é uma criança muito amada e esperada desde o dia em que descobri que estava grávida. Abri o teste de gravidez ainda durante o expediente de trabalho e aguentei firme até chegar em casa pra contar pessoalmente para o meu marido, Rafael. Estávamos planejando aumentar a família fazia alguns meses. Quando voltamos de umas férias na Europa, decidimos: é agora. Dois meses depois, lá estávamos nós, sonhando com aquele bebê que, neste dia, só tinha 6 semanas de vida.

De um dia para o outro, essa nova vida se tornou o motivo dos meus pensamentos e desejos mais profundos.

A gravidez

troquei de obstetra

Cuidei da gravidez com o maior amor do mundo. Procurei aliviar o estresse e troquei o salto alto pelo conforto. Gastei horrores com os melhores cremes antiestrias do mercado. Entrei na hidroginástica. Passei a levar almoços super saudáveis ao trabalho e deixei de comer na rua. Salada em restaurante? Preferia legumes cozidos. Carne crua? Nem pensar. Refrigerante e café? Esqueci que existiam. Passei a seguir todas as melhores páginas sobre maternidade, comprei livros sobre criação de filhos, troquei ideias com muitas mães de recém-nascidos, tirei muitas e muitas fotos.

E assim foi. Só pensava nela. Via a Beatriz em todas as crianças na rua. “Será que ela vai ser assim?”. Passei a admirar outras grávidas (e a dar valor às pessoas que cedem o lugar para elas na fila do mercado, do restaurante e da farmácia). Hormônios a mil, me senti linda a gravidez toda… pele, cabelo, tudo perfeito. Era um estado de graça constante, nada era mais importante que isso. Até hoje eu acredito que é o momento mais sublime na vida de uma mulher.

Eu mesma fiz lembrancinhas de maternidade, enfeite para porta, parte da decoração para o quarto. Tudo aquilo fazia aumentar a minha conexão com ela. Conversávamos muito enquanto ela estava na barriga. Eu e meu marido cantávamos, fazíamos carinho. Ao final, até o pezinho dela conseguíamos alcançar. Era maravilhoso pensar na perfeição da natureza, em como nosso corpo é perfeito, em como as coisas acontecem com naturalidade e o quanto não precisamos interferir no que a natureza já está encarregada de fazer.

Quanto mais o tempo passava, mais eu me informava sobre toda a mudança que estava acontecendo comigo. Foi então, que às 32 semanas de gestação, decidi trocar de médico…

A troca de médico

troquei de obstetra

Poucas mães de primeira viagem têm certeza do que querem para o parto no início da gravidez. Eu era uma dessas mães que não conhecia esse universo. Para mim, tanto fazia no início. O tipo de parto não era minha prioridade.

Às 30 semanas de gestação, comecei a entender sobre os tipos de parto (sim, eu sei, foi um pouco tarde… mas eu não me importei com isso até então). Quanto mais eu lia, mais eu entendia o quanto era importante deixar a natureza falar e o quanto eu gostaria de respeitar esse momento. A essa altura, já havia ficado claro para mim que eu não escolheria o tipo de parto. Para mim, não era uma escolha. Faria o que a Beatriz quisesse. Se houvesse risco, partiria para a cesárea. Caso contrário, seguiria com o parto normal.

Às 31 semanas tive minha primeira conversa com o meu obstetra sobre o parto. Saí chorando.

“Só atendo em duas maternidades. Uma delas não tem anestesista de plantão. Se você entrar em trabalho de parto de madrugadae precisar de uma cesárea de emergência, por exemplo, precisará esperar até 7h da manhã, horário em que o anestesista chega. Na outra maternidade não é possível tomar anestesia porque eles são contra. Então, se você quiser parto normal, tem que ser sem anestesia. Mesmo que você queira diferente, não tem como”.

Nunca me senti tão enganada na vida. É óbvio que todas as maternidades têm anestesistas de plantão. É óbvio que se eu quisesse parto normal com anestesia eu teria esse direito em qualquer lugar. E olha… ele é o chefe de obstetrícia de uma das maternidades! Um grande nome da medicina. Em vez de me ajudar, me informar, me tranquilizar em relação ao parto, ele preferiu me aterrorizar com relação a esse momento que deveria ser tão especial. Estava me induzindo a uma cesárea eletiva (agendamento de data e hora), usando a fragilidade do momento em nome da própria conveniência. Ali ficou claro: não confio neste médico e não será ele que trará minha filha ao mundo.

Não havia respeito. Passei a ter a certeza de que a Beatriz viria ao mundo no momento que ela decidisse. Depois de ler muito a respeito da importância do trabalho de parto e do parto normal, decidi que era isso que eu fazia questão, para mim e para ela. Passaria por uma cesariana sem problemas, desde que houvesse indicação clínica para isso.

Fiquei muito impressionada com a falta de vontade do médico em me informar sobre o assunto. Isso explica o resultado de um grande estudo que a Fiocruz realizou em 2014. Segunda a Fundação, 70% das brasileiras desejam um parto normal no início da gravidez, mas poucas são apoiadas em sua preferência. Explica, também, o fato de o Brasil ter a maior taxa de cesarianas do mundo! De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a taxa em países desenvolvidos fica em torno de 15%. Na rede de saúde privada do Brasil, 88% dos nascimentos são cesáreas.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) relaciona diretamente o alto índice de bebês prematuros com o alto índice de cesarianas antes da completa maturidade fetal e isso é uma das principais causas de mortalidade de recém-nascidos e gestantes. 35% dos bebês nascidos por cesariana na 38º de gestação são considerados prematuros (pois podem estar com apenas 36 semanas no cálculo real). E, para completar, dados do Ministério da Saúde indicam que a cesariana aumenta em 6 vezes o risco de morte da mãe se comparado ao parto normal.

Bom… com tudo fervilhando na cabeça e sabendo que o médico estava me induzindo a fazer uma cesárea, não consegui dormir. O que eu faria agora? Ou eu fechava os olhos e deixava o médico dominar a situação ou me tornava protagonista da minha história. Escolhi a segunda opção.

No dia seguinte cheguei mais cedo ao trabalho e conversei com uma amiga que havia passado por um parto humanizado. Contei tudo a ela, que ficou horrorizada. “Marina, você tem que mudar de médico!”.

Por recomendação dela, fui parar nas mãos do melhor obstetra de Curitiba em parto normal humanizado. Com medo de ser tarde demais, perguntei: “Mas você aceita acompanhar minha gestação a partir de agora? Já estou com 33 semanas!”. Ele disse: “Claro! Já tive pacientes que vieram aqui com 39”. Ok, meu caso não era o pior de todos.

Ali sim, muita coisa passou a fazer sentido. Me explicou tudo sobre os diferentes tipos de parto. Disse que faria cesárea sim, mas somente se fosse necessário. Respeitaríamos o momento da Beatriz. Esperaríamos ela estar 100% pronta e formada para vir ao mundo. Nesse momento, passei a ter uma doula (até então eu não fazia ideia do quanto isso representaria, assunto para um outro post inteiro!).

Escolhi a maternidade com calma, optei por aquela que deixaria meu marido participar do trabalho de parto. Sem ele eu não queria. Essa era a única e maior condição (na maior parte das maternidades as gestantes ficam sozinhas durante o trabalho de parto e o pai só é chamado no momento do nascimento).

Foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado na vida. Beatriz nasceu cercada de amor e respeito.”

No próximo post , vamos contar como foi o parto da Marina e como a Beatriz chegou ao mundo! (Leia aqui)

 

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Comentários

  1. @NenemDaMamae_ disse:

    Como eu queria encontrar uma médica abençoada assim.
    Desde que soube que a minha médica não faria o normal, comecei a procurar e até então não consegui achar uma que aceitasse fazer o normal. Teve uma que ainda disse que se eu passasse mal de madrugada ela não atenderia. Achei o cúmulo. Muitas falaram que se eu quisesse o parto normal que era pra ir pra emergência do hospital, que eu seria atendida e teria o parto assim. Fico muito triste quando penso neste assunto. Inclusive eu até cheguei a falar olha não me importo de ser cesárea mas quero esperar o tempo do neném. E elas falaram que não seria possível pq assim eu poderia ter normal, não dar tempo de ir pra cesárea.
    Sempre achei que medicina além de vocação era muito amor ao próximo. Mas cada vez vejo isso mais distante. Fico perplexa com o descaso dos médicos, em não colocar a vida da gestante e do bebê em primeiro lugar. É muito triste mesmo.
    Agora com 30 semanas acabei ficando com uma outra médica pq achei ela mais carinhosa. Mas quanto ao parto nada mudou. Acabei agendando o parto pq meu marido foi convencido pelas médicas que seria o melhor e ficou me agoniando pois não aguentava mais também ficar atrás de médico. Queria que ele tivesse me apoiado mais na minha decisão e tivesse tido um pouco mais de paciência. Fiquei muito triste mas não quis q isso criasse uma proporção maior ainda e resolvi marcar. Mas estou pensando seriamente em ir para a emergência mesmo. Não senti segurança em nenhum médico que eu fui até hoje. Então não faria tanta diferença assim. Até quando me senti mal que tive que ligar para a médica ela foi super curta e direta, é assim mesmo e não tem o que fazer. Meus médicos acabam sendo o google, as amigas do instagram e minha mãe!
    Espero em Deus ter um bom relato da minha hora! Q todas as mamães tenham um momento especial como o da Marina! Amém!

    1. Maternidade Simples disse:

      Pois é! É muito triste, né? Principalmente porque este era para ser um momento tudo de bom na vida de uma mulher… Mas estou torcendo e orando para que você consiga ter uma hora perfeita! Beijão

  2. Carol disse:

    Quem é o seu médico?

  3. Kelly disse:

    Boa Tarde

    Gostaria de saber o nome do seu Obstetra.

    1. Melina disse:

      O obstetra da Marina foi o Dr. Carlos Miner Navarro.

  4. Kamila melila disse:

    Olá, tenho uma curiosidade! Como foi para “dispensar” o obstetra anterior?

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Quem Sou

Sou Melina Pockrandt Robaina, filha de Deus, jornalista e mãe da Manuela (6 anos) e da Ana Júlia (1 ano)

Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.

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