Há algum tempo, antes mesmo de engravidar, eu pedi para a psicóloga Eliziane Rinaldi dar algumas dicas sobre como agir com a o ciúme da chegada do irmão. A entrevista rendeu este post e este post.
Depois, engravidei, e contei para vocês, quase dois meses antes da Ana Júlia nascer, como estava sendo a chegada do irmão lá em casa, em relação ao ciúmes da Manuela. Estava tudo lindo, até que o chá de bebê aconteceu – 10 dias depois do post.
O dia do chá foi o início de uma crise que se estendeu até, mais ou menos, a Ana Júlia completar dois meses e começar a interagir melhor com a irmã. Existem dias em que o ciúme está maior, como foi este domingo, mas há dias muito tranquilos. Consigo perceber que a Manuela realmente ama a irmãzinha, preocupa-se com ela, mas eventualmente quer a mesma atenção que um bebê precisa. Devagarinho, a gente vai aprendendo a lidar. Algumas coisas que procuro fazer:
– Priorizar a Manuela sempre que possível
– Dar a possibilidade para a Manuela ajudar com a irmã, mas sem forçar
– Mostrar à Manuela que a Ana Júlia demanda cuidados especiais e às vezes precisa de atenção exclusiva
– Passar tempo sozinha e de qualidade com a Manuela
– Não deixar a Manuela perceber quando estou cansada ou mau humorada por causa da Ana Júlia
– Não usar a Ana Júlia como motivo de brigas com a Manuela
– Explicar, amar, compreender, mas saber quando dar limites firmes
Como este é um tema bem complexo, resolvi contar a minha experiência após o chá (início da crise) neste vídeo abaixo (pois é pessoal, peguei gosto pela coisa, agora vocês vão ter que me engolir, hahahaha):
Como falei no vídeo, abaixo está a lista de atitudes que tivemos durante a gravidez que acho que foram super positivas para a Manuela aceitar melhor a chegada da irmã.
– Ecografia: É bem complicado levar criança em exame médico, mas pelo menos em uma ecografia fiz questão de levar a Manuela, assim ela pode ver que, sim, há um bebê (um mini ser-humano) vivo e se mexendo em minha barriga. Curiosamente, foi bem na ecografia que soubemos o sexo. Ela ficou muito feliz em ter uma irmã mais nova!
– Enxoval 1: Claro que não dá para fazer sempre, mas para alguma peças do enxoval eu pedi a opinião da Manuela. Ela me ajudou a escolher algumas cores, estampas e modelos. Isso fez com que ela sentisse que estava me ajudando e também já sendo “irmã mais velha” com o bebê.
– Enxoval 2: Quando fizemos a compra grande de enxoval nos EUA, fiz questão de chamar a Manuela para abrir alguns pacotes comigo e ver as roupinhas. Eu queria que ela sentisse a mesma alegria que eu estava sentindo. Não foi exatamente igual, mas ao menos ela teve a empatia que eu esperava.
– Enxoval 3: É claro que não dá para deixar de lado alguns presentes para a criança. Quando fizemos a compra do enxoval, além dos 50 itens da bebê, também compramos alguns (bem menos, obviamente) para a Manuela. Também fiz questão de comprar uma camiseta específica do tamanho dela e uma igual de bebê, só para sentir se ela ia gostar. Amou! “Vamos ficar como gemeazinhas”, foram suas palavras.
– Mudanças para melhor: Eu sei que o ideal é, nesse momento, evitar mudanças bruscas na vida da criança. Mas lá em casa não teve jeito. A Manuela teve que trocar de quarto. Então, para minimizar o desconforto, deixamos bem claro que todo mundo está mudando para melhor (e não é mentira!). A minha enteada irmã mais velha teve seu quarto mais privativo no ático, a Manuela foi para um quarto que é maior e o bebê ficou mais perto do meu quarto, por questões óbvias.
– Sem muito alarde: No início da gravidez, quando a barriga ainda mal aparecia e irmã ainda não era algo “palpável” para a Manuela, a gente evitava falar toda hora sobre o assunto.
– Reforço positivo: Eu nunca forcei, mas quando a Manuela espontaneamente dava beijo na barriga ou conversava (dava tchau ou boa noite) com a irmãzinha, eu procurava mostrar o quanto fiquei feliz!
– Grand finale Lá em casa, a cereja do bolo foi que deixamos a Manuela escolher o nome da bebê. Depois do afunilamento da lista, Júlia era o favorito. Além de ser um nome curto e bonito, para mim ainda tinha o fator emocional, já que meu lindo pai se chamava Júlio. Quando estávamos quase decidindo, a Manuela falou que queria muito chamar a irmã de Ana (que também era um nome em alta entre as opções). Por fim, decidimos que a bebê se chamaria Ana Júlia.
Seguem também as dicas profissionais da psicóloga Eliziane Rinaldi:
Dê tempo à criança. Dar tempo para a criança assimilar tanto a notícia da gravidez é fundamental, desde a gestação quanto o nascimento. Não se pode forçá-la a fazer coisas que ela não queira ou não esteja pronta ainda. “O vínculo entre os irmãos é uma construção e isto precisa ser respeitado e aceito.”
Envolva a criança. Chame o seu filho para participar dos preparativos, da gestação e do nascimento.
Deixe-o cuidar do irmão. Permita que a criança possa participar nos cuidados com o bebê, de acordo com a idade e possibilidades.
Mantenha algumas coisas como estão. Não mude muita coisa na rotina diária da criança. Não é momento de colocá-la na escola (ou trocá-la de escola), tirar as fraldas, chupeta ou mamadeira.
Relembre. Conte para a criança como ela era quando bebê, mostre vídeos, fotos, conte como era seu jeitinho. Deixe bem claro que ela tem uma história e um lugar especial nesta família.
Identifique sentimentos. “Sentimentos de ambivalência (amor e raiva) são esperados. Conversar com a criança sobre eles e dar vazão para a expressão deles é muito importante.” Que tal fazer desenhos sobre o que está sentindo? Que tal combinar com a criança alguma sinalização que ela possa fazer para avisar aos pais o que está acontecendo com ela? Carinha de feliz na porta quando estiver se sentindo feliz com a presença do irmãozinho ou carinha triste por estar com ciúmes, são alguns exemplos dado pela psicóloga. “Com estas dicas, estaremos abrindo a possibilidade da expressão de sentimentos, favorecendo o diálogo e preparando um terreno fértil para que o vínculo de amor na família se estabeleça.”
Atitudes que os pais NÃO devem ter:
Brigar. Não é momento de brigar com a crianças. Ela precisa de ajuda para lidar com seus sentimentos e não castigos ou punições.
Comparar. Não compare seus filhos em hipótese alguma. Isso só aumenta o ciúme e a rivalidade entre os irmãos.
Presentear. Não há necessidade de que a criança ganhe presentes a cada presente que o bebê ganhar. A presença afetiva e acolhedora dos pais já faz o papel de preencher a criança.
Eu sou Melina, mas pode me chamar de Mel. Amo escrever, amo meu marido, amo minhas três filhas e, acima de tudo, amo Jesus. Moramos na Pensilvânia, nos EUA, e, sempre que consigo, gosto de falar sobre minhas experiências, aprendizados e desafios seja na maternidade, na vida cristã ou como imigrante.
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Adorei o texto! Assim que eu engravidar do segundo te dou a notícia! !